NOTÍCIAS » ÁLCOOL AO VOLANTE - BEBIDA E DIREÇÃO FAZEM MAIS DUAS VÍTIMAS

ÁLCOOL AO VOLANTE
Bebida e direção fazem mais duas vítimas
Depois da morte de um pintor, atropelado em Contagem, duas pessoas são feridas em bh pelo carro de um advogado. Nos dois casos, há suspeita de embriaguez ao volante
Pedro Ferreira

Sidney Lopes/EM/D.A Press
O Citroën de Marcelo Andrade Dauro ficou muito danificado no acidente na Avenida Raja Gabaglia

Mais um caso de embriaguez ao volante resultou em grave acidente na Grande Belo Horizonte, o segundo em menos de dois dias. Terça-feira à noite, em Contagem, o médico Bruno Barreto de Oliveira, de 26 anos, atropelou e matou o pintor Geraldo Lopes da Silva, de 49, e fugiu. Na madrugada de ontem, duas pessoas ficaram gravemente feridas ao serem atropeladas pelo Citroën Picasso placa HCV 8764, dirigido pelo advogado Marcelo de Andrade Dauro, de 40. Segundo o empresário Klaus Martins Huben, de 41, que testemunhou o acidente, ele dirigia em alta velocidade pela Avenida Raja Gabaglia, altura do Bairro Luxemburgo, na Região Centro-Sul da capital. Depois de atingir as vítimas, bateu num caminhão parado na pista. “Estava alcoolizado e desceu do carro cambaleando, fazendo gracinhas no meio da pista e pedindo desculpas pela besteira que cometeu”, disse Klaus.

A Polícia Militar prendeu o advogado, que foi submetido ao teste do bafômetro, que constatou 0,81 miligrama de álcool por litro de ar expelido dos pulmões, índice não permitido pela legislação. No Detran-MG, ele foi autuado em flagrante pelo delegado de plantão Jadir David e liberado para responder ao inquérito em liberdade. A carteira de habilitação e documentos do carro foram apreendidos. O Citroën teve perda total e foi levado para um depósito da Polícia Civil. O caso será encaminhado à Delegacia Especializada em Acidentes de Veículos, mas até ontem à tarde a delegada responsável, Cláudia Nacif, ainda não tinha recebido o expediente do Detran.

As vítimas do atropelamento foram atendidas no Hospital de Pronto-Socorro João XXIII (HPS). Com o impacto, Claudemir Prodócimo da Silva, de 33, foi arremessado debaixo de um caminhão e teve traumatismo craniano leve. Ontem à tarde, ele continuava em observação. O outro ferido, Josemar Maloste, de 33, estava com insuficiência respiratória e seu estado de saúde era mais grave. Ele viajou de São Paulo, com o amigo Klaus, para rebocar um caminhão que estava com defeito no local do acidente, mas foi atropelado e arremessado a uma distância de 10 metros, sofrendo várias fraturas.

Sidney Lopes/EM/D.A Press/Reprodução
A carteira de habilitação foi apreendida e o advogado responderá a inquérito aberto pela Polícia Civil
O advogado Marcelo Dauro disse ao Estado de Minas que foi obrigado pela PM a fazer o teste de embriaguez. “Fiquei soprando forte, por mais de meia hora”, disse o acusado. Ele contou que o acidente foi próximo a uma favela e que quase foi linchado. “Fui surpreendido com dois caminhões parados na pista. Não tinha cone de sinalização e eu não consegui parar”, defendeu-se. Ao ser perguntado sobre o uso de bebida alcoólica, antes de pegar o carro e seguir para o Bairro Buritis, onde mora, na Região Oeste da capital, o advogado respondeu que bebeu “pouquíssimo”. Depois, voltou atrás em sua declaração, alegando que não bebeu nada, e encerrou a conversa.

Klaus Martins informou que o condutor do Citroën não observou o triângulo de sinalização que Claudemir tinha acabado de pôr na pista, apesar de ser uma reta bem iluminada e de boa visibilidade. O advogado sofreu escoriações leves e foi medicado na unidade de pronto-atendimento (UPA) da Região Oeste.

MORTE A delegada de Acidentes de Contagem, Renata de Oliveira Lima, pretende, até segunda-feira, interrogar o médico Bruno Barreto, acusado de atropelar e matar o pintor Geraldo Lopes e ouvir outras testemunhas arroladas no inquérito. Ela aguarda o laudo do exame feito pelo Instituto Médico Legal (IML), para saber se antes do acidente o médico tinha bebido. Depois do atropelamento, Bruno foi preso tomando cerveja num bar e foi submetido a exame clínico, perante um médico legista, e amostra de sangue foi coletada para dosagem de teor alcoólico.

Ele foi autuado em flagrante por homicídio culposo (sem intenção de matar). A Lei Seca prevê o indiciamento por homicídio doloso eventual (quando o autor assume o risco de matar), com pena bem mais alta, se o condutor dirige embriagado. Mas a delegada explica que o enquadramento depende de aprofundamento nas investigações.

A delegada também apura a morte de um morador de rua, sem identificação, atropelado pelo Golf do agente de endemia Diego Marcos Ferreira, de 20, quarta-feira à noite, no Bairro Nova Contagem. Segundo Renata de Oliveiria, o motorista não apresentava sintomas de embriaguez e foi liberado depois de ouvido. Testemunhas contaram que a vítima costumava dormir no meio da rua, coberto com papelão, e Diego pensou que tivesse passado por cima de um saco de lixo. “Vamos ouvir mais pessoas para confirmar essa versão”, disse a delegada.
17 out 2008 - ESTADO DE MINASVoltar