Mais um caso de embriaguez ao volante resultou em grave acidente na Grande Belo Horizonte, o segundo em menos de dois dias. Terça-feira à noite, em Contagem, o médico Bruno Barreto de Oliveira, de 26 anos, atropelou e matou o pintor Geraldo Lopes da Silva, de 49, e fugiu. Na madrugada de ontem, duas pessoas ficaram gravemente feridas ao serem atropeladas pelo Citroën Picasso placa HCV 8764, dirigido pelo advogado Marcelo de Andrade Dauro, de 40. Segundo o empresário Klaus Martins Huben, de 41, que testemunhou o acidente, ele dirigia em alta velocidade pela Avenida Raja Gabaglia, altura do Bairro Luxemburgo, na Região Centro-Sul da capital. Depois de atingir as vítimas, bateu num caminhão parado na pista. “Estava alcoolizado e desceu do carro cambaleando, fazendo gracinhas no meio da pista e pedindo desculpas pela besteira que cometeu”, disse Klaus.
A Polícia Militar prendeu o advogado, que foi submetido ao teste do bafômetro, que constatou 0,81 miligrama de álcool por litro de ar expelido dos pulmões, índice não permitido pela legislação. No Detran-MG, ele foi autuado em flagrante pelo delegado de plantão Jadir David e liberado para responder ao inquérito em liberdade. A carteira de habilitação e documentos do carro foram apreendidos. O Citroën teve perda total e foi levado para um depósito da Polícia Civil. O caso será encaminhado à Delegacia Especializada em Acidentes de Veículos, mas até ontem à tarde a delegada responsável, Cláudia Nacif, ainda não tinha recebido o expediente do Detran.
As vítimas do atropelamento foram atendidas no Hospital de Pronto-Socorro João XXIII (HPS). Com o impacto, Claudemir Prodócimo da Silva, de 33, foi arremessado debaixo de um caminhão e teve traumatismo craniano leve. Ontem à tarde, ele continuava em observação. O outro ferido, Josemar Maloste, de 33, estava com insuficiência respiratória e seu estado de saúde era mais grave. Ele viajou de São Paulo, com o amigo Klaus, para rebocar um caminhão que estava com defeito no local do acidente, mas foi atropelado e arremessado a uma distância de 10 metros, sofrendo várias fraturas.
Sidney Lopes/EM/D.A Press/Reprodução |
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A carteira de habilitação foi apreendida e o advogado responderá a inquérito aberto pela Polícia Civil |
O advogado Marcelo Dauro disse ao
Estado de Minas que foi obrigado pela PM a fazer o teste de embriaguez. “Fiquei soprando forte, por mais de meia hora”, disse o acusado. Ele contou que o acidente foi próximo a uma favela e que quase foi linchado. “Fui surpreendido com dois caminhões parados na pista. Não tinha cone de sinalização e eu não consegui parar”, defendeu-se. Ao ser perguntado sobre o uso de bebida alcoólica, antes de pegar o carro e seguir para o Bairro Buritis, onde mora, na Região Oeste da capital, o advogado respondeu que bebeu “pouquíssimo”. Depois, voltou atrás em sua declaração, alegando que não bebeu nada, e encerrou a conversa.
Klaus Martins informou que o condutor do Citroën não observou o triângulo de sinalização que Claudemir tinha acabado de pôr na pista, apesar de ser uma reta bem iluminada e de boa visibilidade. O advogado sofreu escoriações leves e foi medicado na unidade de pronto-atendimento (UPA) da Região Oeste.
MORTE A delegada de Acidentes de Contagem, Renata de Oliveira Lima, pretende, até segunda-feira, interrogar o médico Bruno Barreto, acusado de atropelar e matar o pintor Geraldo Lopes e ouvir outras testemunhas arroladas no inquérito. Ela aguarda o laudo do exame feito pelo Instituto Médico Legal (IML), para saber se antes do acidente o médico tinha bebido. Depois do atropelamento, Bruno foi preso tomando cerveja num bar e foi submetido a exame clínico, perante um médico legista, e amostra de sangue foi coletada para dosagem de teor alcoólico.
Ele foi autuado em flagrante por homicídio culposo (sem intenção de matar). A Lei Seca prevê o indiciamento por homicídio doloso eventual (quando o autor assume o risco de matar), com pena bem mais alta, se o condutor dirige embriagado. Mas a delegada explica que o enquadramento depende de aprofundamento nas investigações.
A delegada também apura a morte de um morador de rua, sem identificação, atropelado pelo Golf do agente de endemia Diego Marcos Ferreira, de 20, quarta-feira à noite, no Bairro Nova Contagem. Segundo Renata de Oliveiria, o motorista não apresentava sintomas de embriaguez e foi liberado depois de ouvido. Testemunhas contaram que a vítima costumava dormir no meio da rua, coberto com papelão, e Diego pensou que tivesse passado por cima de um saco de lixo. “Vamos ouvir mais pessoas para confirmar essa versão”, disse a delegada.