Candidatos que buscam tirar a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) em Macapá denunciaram um suposto esquema de extorsão em que estariam envolvidos instrutores de autoescolas e técnicos do Departamento Estadual de Trânsito (Detran). Eles estariam cobrando até R$ 1,5 mil para facilitar a aprovação do candidato ao documento, na prova prática de motorista. Áudios sobre os possíveis esquemas foram divulgados nesta segunda-feira (23) no Amapá TV, da Rede Amazônica.

Entre as reclamações de candidatos, está a de que instrutores iniciam o aliciamento para pagamento da aprovação ainda durante as aulas teóricas, e que os que não concordam em dar o valor pedido por eles ficam “marcados”, e são reprovados intencionalmente durante a prova prática.

A direção do Detran informou que os casos estão sendo investigados pela corregedoria do órgão, e que a pessoa coagida pode procurar a polícia.

Uma candidata, que preferiu não se identificar, disse que, dependendo do valor, poderia até garantir a aprovação dela mesmo se não comparecesse no dia e local do exame.

“Ele me disse: você pode pagar R$ 500 para fazer a prova e eles não vão considerar nenhum erro que você possa ter. Mas se você não estiver segura pode pagar R$ 1000 para fazer só a baliza ou então paga R$ 1,5 mil e nem aparece na prova”, contou a candidata.

Ele disse que negou-se a pagar e que, portanto, foi ameaçada pelo instrutor que teria adiantado a reprovação dela, mesmo antes do exame. “Aí eu disse: olha, não tenho condições de pagar esse valor agora, e mesmo se tivesse não vou pagar porque não acho isso certo. Ele disse: toma cuidado porque se você não pagar, eles vão fazer de tudo para te reprovar. Você já vai com carta marcada”, falou.

Segundo a candidata, foi o que aconteceu. No dia da prova prática, em um percurso na Zona Norte de Macapá, ela contou que se sentiu intimidada no primeiro contato com o examinador. Após o trajeto ela foi reprovada, mesmo garantindo que não errou.

“Eu fiz tudo, inclusive, certinho, e quando foi ao final da prova, os avaliadores não tinham falado nada da minha prova e quando estava quase no final, o avaliador que estava ao meu lado meteu a mão no volante e disse: a sua prova termina aqui porque você colocou a mão no volante. Mas eu não fiz isso”, lamentou a candidata.

Após a reprovação, o marido da candidata disse ter ido à autoescola e registrado em áudio (ouça no vídeo acima) o momento em que um instrutor detalha como ocorre o processo dentro do Detran. O homem falou que captou a explicação quando o instrutor ligou para um funcionário do órgão de trânsito para tentar “reverter” a reprovação da candidata, cobrando um valor a mais para isso.

O diretor-adjunto do Detran, coronal José Furtado, disse que existem outros casos sendo apurados pela corregedoria do órgão. “Quem tiver isso tem que trazer aqui no Detran ou procurar uma delegacia, e faça a queixa-crime. Vamos punir administrativamente e vamos também denunciar para a autoridade policial”, orientou Furtado.

23/11/2015 20h38 - Atualizado em 23/11/2015 20h38

Do G1 AP com informações da Rede Amazônica

(Foto: Reprodução/Rede Amazônica)