NOTÍCIAS » DETRAN JÁ SUSPENDEU 3,2 MIL CARTEIRAS DESDE O INÍCIO DA LEI SECA

A desobediência à Lei Seca (11.705/08), prestes a completar seu segundo aniversário, anda
em alta velocidade em Minas Gerais. Dados do Departamento Estadual de Trânsito
(Detran), órgão da Polícia Civil, revelam que 2.035 carteiras de habilitação foram suspensas
no estado em 2009, devido à mistura entre álcool e direção. Somados aos 1.322
documentos apreendidos em 2008, os números da imprudência totalizam 3.204 condutores
que perderam temporariamente o direito de dirigir. Dados que não traduzem a verdadeira
quantidade de pessoas que desrespeitam a norma, sancionada em junho de 2008 pelo
presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em qualquer cidade, não é difícil flagrar clientes de
bar que se levantam da mesa depois de uma prosa regada a cerveja e vão embora dirigindo
o próprio carro.
Até mesmo quem deveria dar bom exemplo faz o contrário, como revela ocorrência
registrada na manhã de quinta-feira, na Avenida Pedro I, no Bairro Itapoã, Região da
Pampulha, em um acidente envolvendo um Peugeot e um Chevrolet Classic, ambos com
placas da capital. Os dois motoristas aparentavam ter consumido bebidas alcoólicas, mas o
mais assustador é que um deles se identificou como policial civil. Testemunhas disseram
aos militares que atenderam a ocorrência que houve bate-boca e, por pouco, a discussão
não terminou em agressão. O caso foi encaminhado ao Detran.
Os dois motoristas envolvidos na batida reforçam outra estatística do Departamento de
Trânsito: a maioria dos condutores flagrados ao volante com sintomas de embriaguez é do
sexo masculino. Das 427 carteiras de habilitação suspensas em Belo Horizonte em 2009, 13
pertenciam a mulheres. O Detran ainda não atualizou os dados deste ano, mas um balanço
parcial indica que pouca coisa mudou: 328 multas foram aplicadas a motoristas que
desrespeitaram a Lei Seca.
Apesar dos números na capital serem alarmantes, o supervisor da Gerência de Educação da
BHTrans, Ronaro Ferreira, informa que a estatística era bem pior. E usa estudos da
Associação Brasileira Comunitária para a Prevenção do Abuso de Drogas (Abraço) como
exemplo: “Dois anos antes de a Lei Seca ser sancionada, a Abraço entrevistou motoristas
em alguns fins de semana. Naquele estudo, 37% disseram que dirigiam depois de beber. No
ano seguinte, foram 36%. No primeiro ano posterior à lei, o índice caiu para 19%. No ano
seguinte, para 17%. Ou seja, a quantidade de motoristas que dirigem alcoolizados caiu pela
metade”.
Mas o supervisor reconhece que os números precisam baixar muito mais. Uma das
estratégias da BHTrans foi incentivar uma espécie de isolamento do motorista infrator:
“Antes, as campanhas se concentravam na frase ‘Se beber, não dirija’. Agora, vamos
apostar em slogans como ‘Não vá de carona com quem bebeu’ ou ‘Se alguém tiver bebido,
não deixe que dirija’”.
Além do risco, desrespeitar a Lei Seca pode pesar no bolso. Quem é flagrado dirigindo
embriagado está sujeito a multa de R$ 957. Caso a dosagem for de 0,2 a 0,6 grama de álcool
por litro de sangue, o infrator perde sete pontos no prontuário da carteira nacional de
habilitação (CNH), além de sofrer suspensão do direito de dirigir por um ano. Acima de 0,6
grama por litro de sangue, o condutor é preso em flagrante. A pena pode chegar a três anos
de reclusão. Se o motorista alcoolizado causar acidente com morte, pode ainda responder
por homicídio doloso (com a intenção de matar).
10 mai 2010 - Portal Uai Voltar