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Distração e imprudência causam 75% das mortes nas estradas em Minas

Mateus Parreiras
Repórter

A desatenção dos motoristas, alta velocidade e ultrapassagens imprudentes foram responsáveis por 75,2% das mortes com causa identificada, em 2007, nas rodovias federais que cruzam o território mineiro. São falhas humanas evitáveis, que servem de alerta para quem viaja neste fim de ano, principalmente porque dezembro e janeiro estão entre os três meses que registram mais batidas. Dezembro foi o campeão, com 2.259 registros, e janeiro, o terceiro, com 1.932, atrás de novembro, quando foram computadas 17 batidas a mais.
Os dados constam de relatório anual da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e apontam os fatores que culminaram, no ano de 2007, em 11.683 (56,3%) dos 20.719 acidentes nas BRs de Minas Gerais. Eventos que tiraram a vida de 478 pessoas. A soma representa 44% das 1.085 mortes do período. Dos cinco trechos de rodovias com mais acidentes no país, dois são mineiros, um é paulista, um é catarinense e outro gaúcho.
Por meio das informações do relatório, é possível traçar um perfil dos acidentes conhecidos e das mortes nos mais de 11 mil quilômetros de estradas federais que cortam Minas Gerais, a maior malha viária do país. Pelos dados da PRF, houve 175 vítimas (36,6% do total geral de mortos) nos 5.370 acidentes causados por falta de atenção dos condutores. Morreram 108 pessoas (22,5%) em veículos que transitavam em velocidade incompatível com a via ou condições do veículo, em 1.425 acidentes. As 389 ultrapassagens indevidas resultaram em 77 óbitos (16,1%).
Pela avaliação do porta-voz da PRF de Minas Gerais, inspetor Aristides Amaral Júnior, o período de férias é crítico por causa do número de veículos que aumenta muito, pelas longas horas de viagem e inexperiência dos motoristas. “A desatenção dos motoristas é um efeito desse desgaste, da desatenção provocada por celulares, música, papo com passageiros. Com isso, as pessoas não planejam as ultrapassagens, entram muito rápido nas curvas”, exemplifica. Segundo o policial, além de atenção, é preciso descansar a cada quatro horas rodadas e fazer uma revisão completa do veículo antes de seguir viagem. A Operação Natal, que fiscalizará as BRs entre o final do ano e o dia 8 de março, foi iniciada sexta-feira passada.
No Brasil, dos 128.467 acidentes registrados nas BRs, 82.045 (63,8%) tiveram classificação de causa pela PRF. Os motivos nacionais repetem a tendência mineira, sendo mais comuns as mortes pela falta de atenção, com 1.626 registros, ou 43,3% das ocorrências conhecidas. A segunda também foi a velocidade incompatível, que teve 540 mortes (14,4%), seguida pelas ultrapassagens indevidas, que representaram 517 óbitos (13,7%).
Quando se racionaliza o número de acidentes com as vítimas resultantes, as ultrapassagens irresponsáveis se mostram as manobras mais perigosas em Minas, por terem vitimado uma pessoa a cada cinco acidentes. Número seis vezes mais grave do que a falta de atenção, que matou um a cada 30 eventos, ou a velocidade incompatível, com um morto para 13 acidentes.
Pelo relatório, a maioria dos 20.719 acidentes de 2007 ocorreram durante o dia. Foram 11.520 registros em plena luz do sol, contra 6.745 batidas e atropelamentos noturnos. Por outro lado, enquanto 449 pessoas perderam a vida entre a manhã e a tarde, 512 morreram à noite. As 737 colisões frontais entre veículos produziram a maior quantidade de vítimas, 275 ao todo (25,3%). Em segundo lugar, as 4.603 saídas de pista vitimaram 188 pessoas (17,3%). Os 620 atropelamentos foram a terceira causa de mortes, com 176 registros (16,2%).
Minas Gerais tem também a segunda e a quinta vias com mais acidentes entre as cinco campeãs nacionais. São, respectivamente, a BR-381, com 7.295 registros e 292 mortos, e a BR-040, com 4.101 batidas e 199 vítimas. Em primeiro lugar figura a parte paulista da BR-116, que computou 8.684 acidentes e 319 mortos. A estrada mais perigosa de Minas Gerais é a BR-153. Ela liga Araporã a Frutal, no Triângulo Mineiro, e teve 528 acidentes e 44 mortos em 2007, ou uma vítima para cada 12 ocorrências. A mais mortal do país é a parte goiana da BR-251, que registrou 16 batidas e nove mortes, ou uma vítima a cada 1,7 acidente.

22 dez 2008 - Hoje em diaVoltar