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Imprudência continua matando
Balanço parcial da Operação Natal mostra 18 mortos e 186 feridos nas vias federais e estaduais, em Minas. Abuso ao volante é uma das principais causas de acidentes


Ingrid Furtado
Beto Magalhães

Na volta para casa, um engavetamento no Anel Rodoviário, na tarde chuvosa, deixou três feridos e causou engarrafamento de dois quilômetros

Imprudência e excesso de velocidade ainda são as principais causas de acidentes nas rodovias, em Minas. De sexta-feira até a tarde de ontem, a Operação Natal, da Polícia Rodoviária Federal (PRF), registrou 242 acidentes, com 10 mortos e 158 feridos nas vias federais que cortam o estado. Nas estaduais foram oito mortos e 28 feridos, em 32 acidentes. Mas os números podem ser maiores, porque o balanço foi finalizado à 0h de hoje e será divulgado pela manhã.

O movimento ontem foi maior a partir das 16h, depois que parte dos veículos começou a retornar a BH e à região metropolitana. Mais de 250 mil carros trafegaram pelas estradas federais no estado no feriado prolongado, um aumento de 30% na frota. No fim da tarde, um engavetamento envolvendo nove veículos deixou o Anel Rodoviário com um congestionamento de dois quilômetros no sentido BH-Vitória. A batida ocorreu por volta das 17h30, durante a forte de chuva e deixou três feridos graves, resgatados das ferragens pelo Corpo de Bombeiro.

O inspetor da PRF Aristides Júnior diz que os acidentes estão cada vez mais graves e as seqüelas também. “A BR-381 (BH-São Paulo e BH-Governador Valadares) é a rodovia em que registramos mais congestionamentos e colisões. Ela foi considerada a mais perigosa do país, com o maior índice de mortes por quilômetro. Entre BH e João Monlevade há mais de 200 curvas muito fechadas. É preciso atenção e cuidado, pois, com excesso de carros na via, o risco de acidentes cresce. O próprio relevo do estado propicia esse fator. Não faltou alerta por parte das polícias, mas a imprudência falou mais alto e o resultado é a elevação da violência nas estradas”, diz.

O policial informa que, além da imprudência, um conjunto de fatores colabora para o aumento da violência nas rodovias. “A cada ano, mais carros trafegam pelas estradas e, além disso, andam mais cheios, com a capacidade máxima de passageiros. A tecnologia também entra no processo, pois os carros estão mais potentes. Se ocorre um acidente, a probabilidade de mais pessoas morrerem é maior. Educação e mais responsabilidade é o que pedimos.”

Nas estradas estaduais a história não é diferente e o acidente mais grave ocorreu ontem de manhã: quatro pessoas morreram em uma colisão, na MG 447, no km 16, em Ubá, na Zona da Mata. Segundo a Polícia Militar Rodoviária, o táxi Vectra placa CJU 0404, de Visconde de Rio Branco, conduzido por Luimar Manoel da Costa, de 71 anos, e o Ford Focus placa HBU 9375, bateram de frente. O motorista do Focus Cristiano Martins dos Santos, de 20, perdeu o controle do carro e caiu em uma ribanceira. Depois da queda, o veículo se incendiou. Cristiano e as passageiras Janaína Cristina Reis, de 24, Jeanny Rodrigues, de 18, morreram carbonizados. O taxista também morreu no local e o passageiro Léo Fernandes de Almeida, de 36, teve ferimentos leves e foi atendido no Hospital São Vicente de Paulo, em Ubá.

Dados da PMR mostram que as conseqüências para aqueles que sobrevivem também são assustadoras. De todos os acidentes que ocorrem, 60% dos feridos não voltam a trabalhar na mesma função de antes, ficam incapacitados de exercer a profissão ou mudam de cargo. Para alertar os motoristas, equipes estaduais foram distribuídas em várias rodovias para atuar em blitzes educativas. “A presença de policiais nas estradas intimida os motoristas que insistem em abusar da velocidade. Vamos ficar toda a madrugada, pois a maioria deixa para viajar depois do almoço. Há equipes na BR-356, perto de Ouro Preto; na MG-30, em Macacos; e na MG-010, perto da Serra do Cipó”, diz o sargento Guilherme Lopes de Almeida.

A previsão de chuva para o ano-novo é outra preocupação dos policiais. “A natureza do réveillon é muito diferente da do Natal. O clima é de curtição e isso significa mais bebida alcoólica e, infelizmente, mais acidentes. Pedimos responsabilidade e bom senso aos motoristas e que usem cinto de segurança, principalmente crianças. Nada de levá-las no colo, pois são sempre as vítimas mais graves. Respeitar os limites de velocidade e fazer uma boa revisão no carro são imprescindíveis para uma viagem segura”, acrescenta o inspetor Arsitides Júnior.

EXPECTATIVA Mesmo antes de a Operação Natal terminar, a quantidade de ocorrências já chegou perto da registrada no último feriado prolongado. Na Operação Finados (2 a 5 de novembro) houve 255 acidentes, com 195 feridos e 18 mortos. “Nossa expectativa é de que o número de mortes não aumente, mas a quantidade de colisões deve ultrapassar muito a do último feriado. Esperamos que o réveillon seja menos violento”, afirma Júnior.
26 dez 2006 - Estado de Minas-26/12/06Voltar