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Carteira falsa vendida em MG
Operação prende 19 pessoas acusadas de colocar nas ruas de oito estados 40 mil documentos irregulares. Médicos, despachantes, psicólogos e policiais participavam do esquema criminoso
Raimundo Pacco/Folha Imagem
Donos de auto-escola também estariam envolvidos nas fraudes em São Paulo, segundo a força-tarefa

São Paulo
– Foram presas ontem, em São Paulo, 19 pessoas suspeitas de integrar uma quadrilha que falsificava e vendia carteiras de habilitação em Minas Gerais e outros sete estados. A Operação Carta Branca foi realizada por força-tarefa formada pelo Ministério Público Estadual, Polícia Rodoviária Federal, Corregedoria da Polícia Civil, secretaria estadual da Fazenda e Agência Nacional de Petróleo (ANP).

As falsificações eram feitas, principalmente, nas cidades de Ferraz de Vasconcelos, na Grande São Paulo, e Mogi das Cruzes, a 58 quilômetros da capital. Pelo menos 40 mil documentos, enviados para outros estados foram suspensos, sob suspeita de fraude.

Em Poá, os agentes arrombaram a casa de Elaine Gavazzi, dona de uma auto-escola, onde foi encontrado um lote de carteiras falsas que seria enviado para Minas Gerais. Segundo o Ministério Público, cada carteira falsa custava até R$ 2 mil. Quem comprou o documento terá a habilitação suspensa e pode responder por uso de documento falso.

Além de 19 mandados de prisão deferidos pela Justiça, a força-tarefa cumpriu também mandados de apreensão em 34 localidades da Região Metropolitana de São Paulo. Foram apreendidos milhares de documentos que comprovam a fraude e computadores, além de dinheiro e prontuários de carteira de habilitação.

O esquema da venda contava com participação de médicos, psicólogos, despachantes, donos e funcionários de auto-escolas, pelo menos um delegado e agentes policiais.

Segundo o Ministério Público, os policiais e o delegado Juarez Pereira de Campos, que trabalha na Circunscrição Regional de Trânsito (Ciretran) de Ferraz de Vasconcelos, lançavam falsas informações no sistema de computadores do Detran para emissão da carteira nacional de habilitação (CNH). Eram feitas em papel original, mas os dados dos condutores eram falsos, inclusive exames médicos.

PONTUAÇÃO De acordo com investigações do Grupo de Atuação Especial Regional de Prevenção e Repressão ao Crime Organizado (Gaerco) de Guarulhos (SP), a Ciretran de Ferraz emitiu, nos últimos dois anos, pelo menos 1.231 carteiras de habilitação falsificadas. Além de Minas, a quadrilha mandava carteiras de habilitação falsificadas para o Rio de Janeiro, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Paraná, Rio Grande do Sul, Goiás e Rondônia. O bando também cobraria para dar baixa na pontuação de multas.

De acordo com a Polícia Rodoviária Federal, participaram da ação 70 viaturas e 200 policiais rodoviários. Cerca de 20 promotores acompanharam a operação.
04 jun 2008 - Estado de MinasVoltar