NOTÍCIAS » MORRE JOVEM QUE TOMOU PROPRANOLOL

Magali Simone/O Tempo - A vendedora Nadir Maria de Oliveira, 25 –, que sofreu um edema cerebral pouco depois de tomar comprimidos de propranolol sem indicação médica – morreu ontem, à 1h30, no Hospital Municipal Odilon Behrens, em Belo Horizonte.

Classificado como um betabloqueador, o remédio não pode ser usado por pessoas que sofrem de asma, doença que a vendedora tentava controlar.

A família de Nadir – que foi enterrada às 17h de ontem, em Itamarandiba, Vale do Jequitinhonha, acredita que o medicamento tenha sido indicado por algum instrutor da auto-escola onde ela se preparava para tirar carteira.

“Não temos como provar nada, mas acreditamos que alguém da autoescola, em Belo Horizonte, onde ela morava, possa ter indicado o medicamento para a Nadir. Era a segunda vez que ela tentava carteira. Acho que minha irmã pode ter tomado acreditando que ficaria mais tranquila na hora de fazer o teste”, afirmou Nelcídio Carneiro, 36.

A vendedora, segundo Carneiro, era a caçula de uma família de cinco irmãos. Há muitos anos, ela fazia tratamento contra asma que desenvolveu desde a infância. A terapia adotada por Nadir, ainda conforme o irmão, estava dando certo, pois há muito tempo ela não tinha nenhuma crise grave.

“Nós estamos muito chocados com tudo que aconteceu. Minha irmã ficou dez dias em coma. Ficamos em Belo Horizonte dez dias. Ainda não conversamos sobre a tragédia, mas acredito que não iremos entrar na Justiça. Não temos como provar nada. Além do mais, nada que façamos a trará de volta”, afirmou.

Investigação

Por meio da assessoria de imprensa, a direção do Odilon Behrens não quis se pronunciar sobre a morte da paciente, mas informou que não há provas suficientes contra o propranolol.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) informou que não deverá promover nenhum tipo de ação para restringir o consumo de medicamentos que contenham propranolol.

Segundo a assessoria de imprensa, existem seis empresas autorizadas a produzir o medicamento. O órgão acredita que, na verdade, houve uso incorreto do remédio, que não foi receitado por médico.

Campanha
O Sindicato dos Proprietários de Centros de Formação de Condutores de Minas Gerais (SIPROCFC-MG) está fazendo uma campanha para evitar que condutores de auto-escola recomendem medicamentos para seus alunos. A informação é do presidente do sindicato, Rodrigo Fabiano Silva.

Desde ontem, o sindicato está solicitando a seus filiados que orientem seus funcionários a não indicar remédio para ninguém.

“Colocamos no site cópias de matérias sobre o que aconteceu. No nosso próximo informativo, divulgaremos uma matéria alertando as empresas sobre o risco da automedicação. Em vez de indicar remédios, melhor seria que eles aconselhassem seus alunos a fazer ioga ou taichi- chuan”, afirmou.

Segundo Silva, o sindicato desconhecia o fato de que muitos condutores receitavam o medicamento para os alunos mais nervosos.

25 mai 2006 - Jornal O Tempo - Sexta-feira, 19 de Maio de 2Voltar