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Policiais afastados por venda de CNH em Formiga

Patrícia Scofield - Do Hoje em Dia

A Justiça determinou, na última quinta-feira (25), o afastamento de oito policiais civis – um deles, já
aposentado – lotados em Formiga, no Centro-Oeste de Minas, envolvidos em esquema de venda de
carteiras de habilitação. Segundo o Ministério Público Estadual (MP), os integrantes do esquema cobravamde R$ 400 a R$ 4 mil para facilitar os exames de habilitação, inclusive para analfabetos ou semianalfabetos.
Entre os afastados está o delegado João Pedro de Rezende, ex-chefe do Departamento de Polícia Civil deFormiga, e o filho dele, o investigador Alexandre Clayton Rezende e sócio da Autoescola Sinal Verde –atualmente, CFC Formiga –, apontados como líderes do grupo, conforme publicado pelo Hoje em Dia em 27de julho de 2011.
Foram denunciados, ao todo, 81 pessoas, entre policiais da banca examinadora, despachantes, instrutoresdos centros de formação de condutores e agenciadores. A eles, foram imputados os crimes de formação dequadrilha, corrupção passiva, ativa e falsidade ideológica. No entanto, os policiais afastados continuarão areceber os salários, estimados em até R$ 3 mil. Eles também estão impedidos de se aproximar dastestemunhas, sob o risco de serem presos imediatamente, acusados de tentativa de intimidação.
Por semana, eram realizadas 90 provas, mas não foi contabilizado o números de carteiras vendidas. “Haviaaté um pacote que a pessoa pagava, mas não precisava comparecer ao local do exame e depois recebia odocumento em casa. É o chamado exame em pé”, afirma o promotor de Justiça Ângelo Ansanelli Junior, deFormiga.
Ele explica que pediu ao juiz Paulo César Augusto de Oliveira a prisão dos envolvidos, inclusive após tersofrido “ameaça velada”, mas o magistrado optou pela alternativa sugerida pelo promotor, o afastamento.
O subcorregedor da Polícia Civil, ÉlderDangelo, que participou das investigações junto ao MP, fez
representação junto ao Departamento de Trânsito de Minas Gerais (Detran-MG) para que as carteirasobtidas ilicitamente sejam cassadas. “Os documentos poderão ser submetidos a processo administrativo,porque são legais, mas obtidos por meios ilegais”, disse.

01 nov 2012 - Jornal Hoje em Dia.Voltar