NOTÍCIAS » VEÍCULOS AUTÔNOMOS: CAMINHOS DO EXPERIMENTO À PRODUÇÃO EM MASSA

A chegada da era dos veículos autônomos será um divisor de águas para a indústria automotiva. As transformações bruscas previstas desde a introdução da tecnologia até a produção em massa estão relatadas no relatório sobre a revolução e a regulamentação dos carros autônomos, produzido pela The Boston Consulting Group (BCG).

O documento mostra como a chegada dos veículos autônomos interfere em todas as cadeias do setor, desde fornecedores, reguladores, até operadores e o público. De acordo com o órgão, o trabalho é feito em colaboração com o Fórum Econômico Mundial e explora questões técnicas, sociais e regulatórias urgentes que devem ser adotadas antes que os veículos autônomos comecem a rodar pelas ruas.

As informações são animadoras do ponto de vista da segurança. O relatório prevê que a inclusão da tecnologia pode preservar mais de 30 mil vidas em estradas norte-americanas por ano. Além disso, o tempo de viagem deve ser reduzido em até 40%, uma economia de 80 bilhões de horas perdidas nos congestionamentos. A economia de combustível também teria a mesma margem percentual. Em valores, os EUA faturariam US$ 1,3 trilhão.

“Para acelerar a introdução dos veículos autônomos, a indústria automotiva deve superar os desafios, incluindo o desenvolvimento de segurança cibernética, mapas de alta tecnologia, infraestrutura e comunicação de veículos e entre veículos”, sugere Nikolaus Lang, sócio do BCG e coautor do relatório. “Mas há também questões urgentes sobre a responsabilidade, certificação de veículos e marcos regulatórios. E a colaboração de diferentes públicos de interesse é a chave para o desenvolvimento de soluções simultâneas – e para gestão de riscos que, inevitavelmente, ocorrem quando uma indústria como a automotiva é reformulada diante de nossos olhos”.

Aceitação do Consumidor
A aceitação da sociedade é considerada fundamental para introduzir os veículos autônomos no mercado. “Os consumidores estão muito animados com a promessa dos veículos autônomos, mas ainda continuam preocupados com a segurança, confiabilidade e a segurança cibernética”, aponta Xavier Mosquet, sócio do BCG e coautor do estudo Revolution in the Driver’s Seat. “Um acidente fatal, mesmo no caso de não haver falha do veículo autônomo, pode atrasar a adoção da modalidade por uma geração ou mais”. Além disso, no caso de terceiros afetados, como os motoristas de táxi, poderia ser uma fonte de oposição, como tem acontecido com a Uber.

Figuras políticas veem com bons olhos os benefícios dos veículos autônomos na teoria. Na prática, demonstram resistência devido à regulação. “No entanto, prefeitos de megacidades pensam nos veículos autônomos como uma maneira de abordar a questão da mobilidade urbana”, conta Antonella Mei-Pochtler, sócia do BCG e uma das autoras da pesquisa. “Eles veem sistemas de transporte sem motorista, os ‘robôs-táxi’, como forma de promover a mobilidade na cidade do futuro”.

Políticos e entidades regulatórias abordam a questão com cautela, devido ao sentimento do público. “Estamos confiantes de que a indústria automotiva, os fornecedores, os tomadores de decisão irão superar os obstáculos discutidos nesse relatório. Enquanto isso, programas-piloto estão em curso em várias partes do mundo como, por exemplo, em Singapura. Esses projetos beneficiam todas as partes interessadas, incluindo o público, ajudando a entender os benefícios e limitações dos veículos autônomos em situações da vida real. Tão importante quanto isso, eles geram dados empíricos para o desenvolvimento de novos conceitos de mobilidade nas cidades”, finaliza Antonella.

by Redação , 28 de setembro de 2015

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