Celso Martins
Repórter

Pelo menos 41 motoristas de Belo Horizonte e Região Metropolitana poderão ter a carteira de habilitação suspensa por um ano por terem sido flagrados dirigindo embriagados. Eles foram presos a partir do dia 20 de junho, quando começou a vigorar a Lei Seca. Nas últimas 48 horas, três pessoas morreram em acidentes provocados por dois motoristas que dirigiram embriagados na BR-040.
Em Congonhas, na Região Central, o caminhoneiro Júlio Cesar do Nascimento, 34 anos, é acusado de, alcoolizado, dirigir uma carreta que bateu de frente em um ônibus que transportava trabalhores de uma mineradora. Duas pessoas morreram e 12 ficaram feridas. Depois de ser interrogado, o motorista pagou fiança no valor de R$ 1.187 e foi liberado.
O outro acidente provocado por motorista alcoolizado aconteceu na BR-040, em Ribeirão das Neves, na manhã de terça-feira, quando uma pessoa morreu e quatro ficaram feridas. O carro dirigido por Nagib Pires Kason, 28 anos, que teve a embriaguez constatada pelo bafômetro, saiu da pista e bateu em outro veículo, matando Elder Souza, 38 anos. A carteira dele foi apreendida pela segunda vez pelo mes mo motivo.
Segundo a Polícia Rodoviária Federal, desde o dia 20 de junho, quando começou a vigorar a Lei Seca, 406 motoristas foram presos nas rodovias mineiras por embriaguez. Além de pagar multa no valor de R$ 957, eles poderão ficar proibidos de dirigir por um ano. A aplicação desta punição depende da conclusão de um processo administrativo que é aberto pela Polícia Civil.
Todas as 22 liminares concedidas pelo Tribunal de Justiça de Minas desde o dia 20 de junho, que suspendiam os efeitos da Lei Seca, já foram cassadas pelos desembargadores. Foram 191 pedidos apresentados no Tribunal.
Nas rodovias federais de Minas foram multados por embriaguez 558 motoristas. Segundo o professor de Direito da PUC Minas, Geraldo Toledo Neto, os motoristas que se recusaram a soprar o bafômetro não poderão ser processados criminalmente. Para que isto ocorra, é preciso uma prova material.
Segundo o Detran de Minas, de janeiro a 19 de junho deste a ano, foram abertos 960 processos de motoristas flagrados embriagados. Como as prisões ocorreram antes da Lei Seca, a suspensão do direito de dirigir poderá ser de quatro meses a um ano. A coordenadora de Apoio Administrativo do Detran, delegada Andreia Bravo, explica que os 41 motoristas que poderão ter a carteira suspensa foram flagrados depois da Lei Seca, motivo da punição ser de 12 meses.
Balanço da Polícia Rodoviparia Federal revela que o índice de redução de mortes nas rodovias federais de Minas, que nos três primeiros meses de Lei Seca era de 11%, caiu para 1,38% em outubro. O número de acidentes no Estado teve um salto de 6.507, em 2007, para 7.206 neste ano, um aumento de 10,74%. No país, a alta foi de 9,98%. Os dados levam em conta o número de ocorrências registradas pela Polícia Rodoviária Federal entre 20 de junho a 20 de outubro deste ano - período de vigência da legislação que prevê tolerância zero para a embriaguez ao volante _, comparado com o mesmo período do ano passado.
Enquanto no país o número de feridos nas rodovias teve um acréscimo de 1,8%, em Minas o aumento foi de 6,34%. No período analisado de 120 dias, a quantidade de mortes nos 61 mil quilômetros de rodovias federais diminuiu cerca de 5%, em comparação com igual período de 2007. Em Minas, a queda das mortes foi de 1,32%. O novo balanço da PRF sai dia 20.


Teste confirma embriaguez

Renato Fonseca
REPÓRTER

Pouco antes de pegar o volante, na noite da última terça-feira, o caminhoneiro Júlio Cesar do Nascimento, 34 anos, teria ingerido bebida alcoólica. Por volta das duas horas da madrugada de ontem, ele provocou um grave acidente no km 606,3 da BR-040, em Congonhas, na Região Central do Estado. Júlio César saiu ileso da batida, mas foi responsável pela morte de duas pessoas e ferimentos em outras 12.
Morreram Alexandre Magno Rodrigues da Silva, 36 anos - que foi levado para o Instituto Médico-Legal (IML) de Conselheiro Lafaiete -, e Reginaldo José Correia, que chegou a ser transferido para o Hospital João XXIII, em Belo Horizonte, mas não resistiu aos ferimentos. As demais vítimas foram encaminhadas ao Hospital Bom Jesus, em Congonhas, e não correm risco de morrer.
De acordo com a Polícia Rodoviária Federal (PRF), o ônibus placa GXA-2724, de Conselheiro Lafaiete, que transportava trabalhadores de uma mineradora, foi atingido pela carreta Volvo, placa GVI-8551, de Barroso/MG, que seguia no sentido contrário. O acidente ocorreu a 1h40. De acordo com o delegado de Polícia Civil Henrique Otávio Ribeiro Pantuzo, o motorista da carreta apresentava sinais de embriaguez. “Ele estava com hálito etílico muito forte. Seus olhos também estavam vermelhos, o que também pode ser atribuído ao sono”, contou.
O teste do bafômetro acusou que Júlio Cesar estava com 0,49 ml de álcool no sangue. Ele prestou depoimento na delegacia de Congonhas e foi liberado em seguida.