NOTÍCIAS » 85% SÃO CONTRA CURSO TEÓRICO À DISTÂNCIA PARA TIRAR A CNH

A Comissão de Viação e Transportes da Câmara aprovou um Projeto de Lei (1128/15) que permite que o curso teórico destinado à formação de condutores de veículos seja ministrado à distância.

Pesquisa realizada pelo Portal do Trânsito, no entanto, mostrou que a maioria dos entrevistados é contra a decisão. Para 85% das pessoas que responderam o questionamento, o curso deve continuar obrigatoriamente presencial. “E o trabalho de conscientização que o instrutor faz? E as questões práticas e entendimento de legislação?”, questiona Marcelo Martins Oliveira, técnico em segurança do trabalho.

De acordo com Elaine Mendes, que participou da enquete, o problema é a possibilidade de fraude. “Se presencial muitos alunos e CFCs já burlam o sistema, imagine à distância. Vão dispensar os milhares de instrutores e profissionais capacitados e depois jogar a culpa dos acidentes na Polícia”, diz.

Segundo a relatora do PL, deputada Magda Mofatto (PR-GO), o ensino a distância tornou-se bastante comum no País, sendo utilizado inclusive como ferramenta de cursos de nível superior. “Os cursos à distância representam uma facilidade para os alunos, uma vez que não os obriga a se deslocarem de casa ou do trabalho para assistirem às aulas”, sustentou. Alguns concordam com a deputada, como é o caso de Ronaldo Cardoso, que também respondeu a enquete. “Acho que já está mais do que provado que o EAD é tão qualitativo, ou mais, que os cursos presenciais, por isso sou a favor”, declara.

Para o especialista em trânsito Celso Alves Mariano, a tecnologia é sempre bem vinda para cursos que tem como objetivo passar apenas conhecimento, o que não é o caso do de primeira habilitação. “Os cursos na modalidade EAD são ótimos para quando o objetivo é a aquisição de conhecimento. Mas quando o propósito é aquisição de habilidades, como é o caso do Curso de Primeira Habilitação, a aula presencial é extremamente relevante e adequada. O convívio com um instrutor experiente e com os colegas de turma é muito importante na formação do novo condutor”, afirma.

Ainda segundo Mariano, o papel do instrutor é fundamental nesse processo. “O instrutor bem preparado sabe perceber e ajustar sua abordagem conforme o nível de dificuldade de cada um de seus alunos e ainda aproveitar a diversidade das características individuais para beneficiar a todos. Isso é fácil quando se tem uma turma que se encontra todos os dias e muito difícil quando os alunos estudam isoladamente, e não se conhecem pessoalmente”.

Outro fator preocupante, para o especialista, é que os brasileiros têm pouco ou nenhum hábito de estudarem sozinhos, o que fica evidenciado pelos índices de abandono nos cursos à distância, em geral 25% maiores do que os presenciais. “O trânsito é um ambiente social, por excelência. Seria um desperdício estudar sobre este assunto sozinho. Não combina”, finaliza Mariano.

O projeto ainda será analisado pela Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania da Câmara.

Postado em 30/09/2015 16:46 Atualizado em 30/09/2015 15:07

Mariana Czerwonka
Portal do Trânsito

Opinião do Siprocfc-MG
Em relação ao assunto, o presidente do Siprocfc-MG deu sua opinião sobre o assunto. Segundo Rodrigo Fabiano da Silva, a metodologia é uma excelente opção para os candidatos que possuem tempo escasso. “É um grande avanço tecnológico. Não podemos fugir da modernidade, mas precisamos manter certos cuidados para não perdermos o controle da situação dos candidatos. Os cursos deveriam ser semipresenciais para que as autoescolas tenham noção do índice de aprovação, ou seja, para que o aluno não vá fazer o exame sem que as empresas tenham a autonomia de marcação deles. O ideal seria que a cada oito horas de aulas teóricas praticadas em casa, o aluno deve fazer uma hora na sede da autoescola”, afirmou o presidente.


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01 out 2015 - Portal do TrânsitoVoltar