NOTÍCIAS » ACIDENTE FECHA A BR-381

Acidente com carreta mata motorista, espalha carga no asfalto e causa 45 quilômetros de engarrafamento. Número de vítimas na rodovia mais perigosa de Minas cresce 55%
Thiago Herdy
Fotos: Beto Novaes/EM
Motoristas enfrentaram até seis horas de espera em longa fila na saída para Vitória, devido a desastre que provocou a morte de caminhoneiro

Vigas de aço ficaram espalhadas, atrasando a liberação do trânsito

Quem precisou sair de Belo Horizonte ontem pela BR-381, no sentido Vitória (ES), enfrentou horas de engarrafamento, devido a um grave acidente no km 404, perto de Nova União, na região metropolitana. Por volta de 11h30, uma carreta carregada com vigas de aço capotou, matando o motorista e espalhando a carga, o que provocou a interdição dos dois sentidos da BR. Ao todo, foram 45 quilômetros de engarrafamento e seis horas de transtorno para motoristas, em uma das maiores retenções de rodovia registradas este ano em Minas, segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF). O desastre contribuiu também para agravar as estatísticas no trecho conhecido como o mais perigoso da 381, onde o número de mortes nos três primeiros meses do ano é 55% maior que o registrado no mesmo período de 2007.

No acidente de ontem, o motorista da carreta, Luiz Henrique Menezes Cosme, de 28 anos, morreu na hora. O passageiro Renildo Costa Almeida, de 20, ficou ferido. Levado para o Hospital Universitário Risoleta Neves, em Venda Nova, não corre risco de morrer. Luiz Henrique é mais uma vítima da chamada Rodovia da Morte, como ficou conhecido o trecho de 110 quilômetros que separa a capital mineira de João Monlevade, na Região Central do estado. Segundo a PRF, de janeiro a março, 28 pessoas morreram no trajeto. No mesmo período, em 2007, foram 18.

Nos primeiros três meses de 2008, foram quase cinco acidentes por dia, em média um para cada 22 quilômetros do percurso. De acordo com o inspetor da PRF Aristides Júnior, três fatores resumem as condições de risco na estrada: rodovia sinuosa, em pistas simples e com grande movimento. Quando esses elementos se somam à imprudência de motoristas, o resultado é trágico. “O jeito é torcer para não ocorrerem acidentes e garantir fiscalização permanente”, afirma.

As causas do desastre de ontem ainda são um mistério para a polícia. Luiz perdeu o controle da carreta Iveco branca, placa HBN 5642, de Carandaí, em uma descida em reta, perto do trevo de Nova União. O veículo capotou e invadiu a pista contrária, mas, por sorte, outros carros não foram atingidos. A carreta ficou de cabeça para baixo e a cabine do condutor foi esmagada no asfalto. A carga de vigas de aço se espalhou por toda a pista. Cinco carros do Corpo de Bombeiros foram deslocados para o atendimento. Depois de constatar a morte do motorista e socorrer o passageiro, os militares informaram que a desobstrução da pista demoraria pelo menos quatro horas.

O congestionamento atingiu 30 quilômetros no sentido BH-João Monlevade e outros 15 no sentido contrário. Dezenas de motoristas optaram por voltar para a capital. Outros retornaram até o trevo de Caeté, em busca do desvio para acesso à BR-381 passando por Barão de Cocais, na Região Central, um aumento no percurso de viagem de quase 50 quilômetros. O tráfego foi liberado por volta de 16h, mas, no início da noite de ontem, o trânsito ainda estava lento na região.

De acordo com o inspetor Aristides Júnior, o trecho da BR-381 entre a capital e João Monlevade continuará sendo o principal foco de retenções perto de BH enquanto ocorrerem acidentes na pista. “Quando a carga se espalha, o engarrafamento é inevitável”, afirma. A queda de uma bobina de aço transportada por um caminhão, em março deste ano, causou 30 quilômetros de retenção. O mesmo se observou na volta da semana santa, embora não tenha havido acidentes. Para o policial, nem mesmo a duplicação da via resolveria o problema. “Acidentes graves na Fernão Dias, por exemplo, também causam retenções com a mesma amplitude”, afirma.

De acordo com a assessoria do Hospital Risoleta Neves, Renildo Costa, o sobrevivente do acidente, passou por exames de raio-x e tomografia computadorizada durante a tarde de ontem. Ele teve escoriações por todo o corpo, mas os ferimentos não apresentam maiores complicações. Os médicos decidiram mantê-lo em observação até o fim da semana. O corpo do motorista Luiz Henrique Menezes foi encaminhado ao Instituto Médico Legal (IML) de Belo Horizonte.
25 abr 2008 - Estado de MinasVoltar