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GERAIS
Custo com acidentes nas rodovias de MG é de R$ 3 bi
Pesquisa do Denatran mostra que o gasto no estado, que tem a rodovia mais perigosa do país, com a violência nas estradas é de mais de 10% do registrado em todo o Brasil


Paulo Henrique Lobato
Marcos Michelin/EM-7/12/2006

Trecho da BR-381, entre Belo Horizonte e o trevo de Caeté, tem um alto índice de acidentes

O prejuízo causado pelos acidentes nas rodovias mineiras é de R$ 3,04 bilhões a cada ano, sendo R$ 1,085 bilhão nas vias federais, R$ 1,875 bilhão nas estaduais e R$ 80,3 milhões nas municipais. Os valores envolvem toda a perda da cadeia produtiva, gastos com saúde, Previdência, danos aos veículos, estradas e outros bens particulares e públicos. No Brasil, a cifra chega a R$ 22 bilhões, o equivalente a 1,2% do Produto Interno Bruto (PIB), que representa a soma das riquezas do país. Os números são da pesquisa divulgada ontem pelo Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), em parceria com o Ministério das Cidades, Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP) e a empresa de consultoria especializada Tecnométrica Estatística Ltda.

O estudo mostrou dados alarmantes. Um deles é a média do custo dos acidentes com mortos: R$ 418,341 mil. Com feridos, a cifra é menor, mas nem por isso é baixa: chega a R$ 86,032 mil. A dos acidentes sem vítimas é de R$ 16,84 mil. Já o custo médio com uma pessoa morta em estrada ou via urbana chega a R$ 270,165 mil. O de um ferido é de R$ 36,305 mil, enquanto outros R$ 1,040 se referem ao de uma pessoa ilesa. Os números não param por aqui, com a conta de R$ 22 bilhões sendo dividida da seguinte forma: R$ 6,5 bilhões referentes aos acidentes nas rodovias federais, R$ 14,1 bilhões nas estaduais e R$ 1,4 bilhão nas municipais.

Os valores foram calculados com base em ocorrências registradas entre julho de 2004 e junho de 2005. No período, os gastos previdenciários gerados pelas ocorrências registradas nas rodovias federais foram estimados em R$ 790 milhões. A maior parte (59,3%) se refere a acidentes com feridos. O restante a casos com morte (38,7%) ou sem vítimas (2%). Não há o mesmo dado para os ocorridos nas vias estaduais e municipais.

A pesquisa também não detalhou a perda ocorrida em cada tipo de estrada, mas traz conclusões importantes. Uma delas é a de que os acidentes de trânsito são classificados como problema de saúde pública. “Há a necessidade de serviços de atendimento pré-hospitalar de qualidade ao longo das rodovias, pois é primordial na manutenção da vida e sobrevivência. Também há a necessidade de unidades hospitalares capacitadas para o atendimento às vítimas graves”, informa o relatório .

Por outro lado, os números reforçam que a imprudência dos motoristas continua sendo a principal causa dos acidentes. Em Minas, a maior parte das batidas, saídas de pistas ou atropelamentos registrados pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) ocorreu com tempo bom (64%), durante o dia (55,7%) e em percurso reto (58,7%). A média de acidentes nas estradas brasileiras foi de 307 só em 2004, o que representa 13 casos a cada hora. Naquele ano, houve 112.457 acidentes no país, com uma queda de 2,4% em relação ao balanço de 2005: 109.745. Mas o recuo não refletiu na quantidade de mortos, que cresceu 3,8% no período. Passou de 6.119 para 6.352.

Os dois balanços sobem, consideravelmente, quando se leva em conta as mortes registradas fora do local dos acidentes, mas em decorrência deles. Nesse caso, foram 10.186 vítimas em 2004, contra 10.416 no ano passado. A pesquisa de campo mostrou que 6,7% dos envolvidos classificados como ilesos se revelaram feridos posteriormente. Da mesma maneira, 6,2% dos feridos no local morreram depois. Ou seja, houve acréscimo em torno de 66% no número de mortos declarados no Denatran. Assim, haveria 4.067 mortos a mais em 2004 e 4.064 mortos a mais em 2005. O índice de mortos a cada 1 mil acidentes aumentou de 90,6 para 94,9 no mesmo período.

ESTRADAS PERIGOSAS Quatro importantes rodovias federais respondem por boa parte das estatísticas. O perigo foi traduzido no estudo por um indicador chamado de índice de periculosidade, calculado com base no número de acidentes e a extensão da via em quilômetros. Três das quatro estradas mais violentas do Brasil passam por Minas, que tem a maior malha viária do país, com mais de 17 mil quilômetros. A primeira colocada é a BR-381, que recebeu nota 8,34 no índice de periculosidade. Um trecho complicado, cheio de curvas, está entre Belo Horizonte e João Monlevade, no qual o número de mortes cresceu 48% na comparação entre os 10 primeiros meses de 2006 e o mesmo intervalo do ano passado. Foram 113 mortos contra 76.

A segunda no ranking é BR-450, que não corta o estado e teve percentual de 6,79. Em seguida, a 040, que liga o Distrito Federal ao Rio de Janeiro. A rodovia, com índice de 5,28, é uma das maiores de Minas. Por fim, a 116, com nota 5,21, que cruza nove estados, passando na região do Vale do Aço. Procurados pelo Estado de Minas, o Departamento Estadual de Estradas de Rodagem (DER), responsável pelas rodovias mineiras, informou que só vai se pronunciar sobre a pesquisa depois de conhecê-la. Já o Departamento Nacional de Infra-Estrutura (Dnit), encarregado das vias federais, não retornou a ligação.
15 dez 2006 - Estado de Minas-Gerais - 15/12/06Voltar