NOTÍCIAS » FHEMIG ALERTA PARA ACIDENTES COM MOTO E DIVULGA PESQUISA INÉDITA

O Hospital João XXIII (HJXXIII), da Rede Fhemig, realizou nesta terça-feira (08) uma coletiva de imprensa para divulgar os resultados de uma pesquisa inédita feita para a Campanha Educativa de Prevenção de Acidentes com Motociclistas. Estiveram presentes a gerente assistencial do HJXXIII, Tatiane Miranda; o coordenador do serviço de neurocirurgia, Rodrigo Faleiro; o presidente da Associação dos Motociclistas do Estado de Minas Geris (AMO-MG), Fabio João Pinheiro; e o representante da Câmara Setorial de Duas Rodas CDL/BH, Milton Flores Furtado.
Durante a coletiva, o neurocirurgião Rodrigo Faleiro destacou a necessidade de se implementar ações que reduzam o número de vítimas de acidentes com moto. Só em 2013, o HPS atendeu 7.131 casos desse tipo. O médico ainda ressaltou a importância do uso do capacete, reforçando que o equipamento protege o condutor exclusivamente de fraturas no crânio. “É bastante comum o motociclista acidentado ter fraturas nos membros inferiores. Por isso, não basta usar o capacete se o condutor tem uma postura imprudente no trânsito. Respeitar as leis de trânsito é essencial”, explica.
Paralelamente à coletiva, a equipe dos Médicos do Barulho, de Juiz de Fora, realizou uma blitz educativa em frente ao HJXXIII, com o objetivo de abordar motociclistas e conscientizá-los para a importância de uma conduta segura no trânsito.
Pesquisa
Um levantamento feito com vítimas de acidentes com moto atendidas no Hospital João XXIII, da Rede Fhemig, em 2013, mostrou que julho foi o mês com o maior número de acidentados, e que a segunda-feira foi o dia da semana em que mais pacientes deram entrada. E é após as 14 horas que o hospital registra maior número de admissões, com horário de pico entre 18 e 20 horas. A pesquisa ainda mostra que a grande maioria dos acidentados está na faixa etária de 18 a 30anos (cerca de 60%) e é do sexo masculino (aproximadamente 80%).
A grande maioria dos atendimentos foi de pacientes classificados como graves, cerca de 55%, e um pequeno percentual de quase 1% como de extrema gravidade, com risco iminente de morte. Do total geral de óbitos registrados no hospital em 2013 (1.050), quase 10% (101) foram de acidentados com moto. Dos pacientes classificados como de extrema gravidade, 63,64% foram a óbito em menos de 24 horas após darem entrada. Muitos dos pacientes atendidos ficaram com sequelas irreversíveis, como paraplegia, tetraplegia ou danos neurológicos. “Muitos nem chegam a dar entrada no hospital, pois morrem no local”, comentou o cirurgião geral Paulo Roberto Carreiro.
A pesquisa inédita do Hospital João XXIII - feita para a Campanha Educativa de Prevenção de Acidentes com Motocicletas, realizada pela Rede Fhemig - aponta que os acidentes continuam acontecendo e que os casos são graves, deixando centenas de mortos e sequelados. A Campanha - cujo slogan é “Eu piloto pela vida” – tem como objetivo sensibilizar a população sobre os riscos, cuidados e prevenção desses acidentes.
Equipe multidisciplinar
Segundo a gerente assistencial do Hospital João XXIII, Tatiane Miranda, os motociclistas chegam com diversas lesões e mobilizam uma equipe multidisciplinar composta por médicos de mais de uma especialidade, enfermeiros e técnicos de enfermagem, fisioterapeuta, entre outros profissionais. O custo social é alto, levando-se em conta o tempo de permanência no hospital, em que a vítima fica afastada do trabalho, podendo ocorrer aposentadorias precoces. Para alguns, o afastamento é definitivo.
Velocidade
A velocidade média das motocicletas no trânsito é maior do que a dos veículos em geral. “É uma guerra por espaço no trânsito e é necessário uma postura mais amigável entre os motoristas de veículos, motociclistas e pedestres, além de uma fiscalização atuante por parte das autoridades competentes e de maior prudência por parte dos condutores”, comentou Tatiane.
As sequelas são diretamente relacionadas à velocidade. Quanto maior a velocidade, mais graves são as lesões, principalmente quando batem de frente com outro veículo ou objeto fixo. A motocicleta é um veículo que não tem proteção estrutural. O condutor fica mais exposto e frequentemente é ejetado da moto. As lesões mais frequentes envolvem membros inferiores, principalmente esmagamento e fraturas expostas.
Para as vítimas graves, o principal quadro clínico se refere ao traumatismo craniano que, quando não leva ao óbito, deixa sequelas, como limitações motoras e alteração permanente da consciência. Essas sequelas tendem a criar uma nova dinâmica familiar, pois muitas vezes a pessoa que sofreu o acidente torna-se dependente de cuidados de um familiar para sobreviver.
Proteção
É importante que o motociclista use sempre os dispositivos de segurança, como capacete, calça e jaquetas de material resistente que minimizam a lesão no momento em que ele toca no solo.
Atropelamento por moto
Outro dado que preocupa é o número de vítimas atropeladas por moto, principalmente crianças e idosos, que são, por natureza, mais vulneráveis aos acidentes de trânsito. O hospital não tem como mensurar em números, mas profissionais que trabalham na emergência, bloco cirúrgico e CTI têm observado que esses casos estão aumentando. “Frequentemente temos crianças internadas no CTI atropeladas por moto”, afirmou o pediatra intensivista Sérgio Guerra.
Persistir no risco
Para o médico cirurgião geral Marcos Lázaro, o sentimento de receber um motociclista acidentado na sala de emergência do Hospital João XXIII é de frustração, já que muitos deles não estão ali pela primeira vez. Por diversas vezes ele já atendeu motociclistas que sofreram vários acidentes. O médico lembrou-se do caso de um motociclista que perdeu uma das pernas, comprou uma moto mais possante e voltou a pilotar. “É deprimente constatar que nada muda. Os acidentes continuam acontecendo e, o que é pior, ainda mais graves, pois as motos são cada vez mais velozes”, afirma.
Daniel Pereira Rodrigues, 25 anos, internado no 5º andar do Hospital João XXIII, trabalha como garçom e já sofreu 14 acidentes. Desta vez ele teve fratura exposta na mão, mas, no acidente que considerou mais grave, ficou por uma semana em coma. Ele usa a moto como transporte para o trabalho. “Bati de frente com outro motociclista”, contou, prometendo não andar mais de moto.
Já Antônio Moreira da Silva, 22 anos, não teve a mesma sorte que Daniel. Ele ficou paraplégico em consequência de um acidente no dia 4 de fevereiro. “Bati na lateral de um carro por distração, mas não estava totalmente errado, já que o motorista do carro não deu seta para informar que ia entrar numa rua à direita”, disse. Para Antônio, moto é um dos meios de transportes mais úteis, além de ter o valor da manutenção baixo. “É só ter prudência”, concluiu. O acidente de Antônio mudou completamente a rotina de sua mãe, Célia Eunice Borges. “Parei de trabalhar para ficar ao lado dele”, contou.
A assistente social Viviane Oliveira reforça que esses acidentes impactam a rotina de toda a família da vítima. “É necessário apoiarmos os familiares para aceitar a situação, pois precisarão se reorganizar para lidar com a situação. O paciente fica dependente de cuidados domiciliares e um membro da família acaba tendo que parar de trabalhar para ficar por conta do doente. Os gastos também aumentam. O paciente passa por várias etapas para aceitar a nova realidade. Damos esse suporte não só para ele, mas para seus familiares”, relata.
Foto: Fernanda Pinto
"Médicos do Barulho" abordam motociclistas para orientá-los sobre medidas de segurança
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09 abr 2014 - Site FhemigVoltar