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Instrutor só com carteira D

Fonte: Jornal de Londrina

Escolas que preparam instrutores são contra exigência embutida em nova regulamentação

Representantes das escolas que preparam instrutores para os centros de formação de condutores (CFCs) querem entrar com uma medida judicial para suspender a exigência da carteira D no Paraná. A resolução 12.302/10 é de autoria do deputado federal Geraldo Magela (PT/DF) e foi sancionada pelo presidente Lula em 2 de agosto. O artigo 4º da lei determina que o novo instrutor de trânsito precisa ter, no mínimo 21 anos de idade, dois anos de habilitação e mais um ano de carteira específica com a categoria D, exigida para conduzir ônibus, micro-ônibus e vans.

O Paraná tem seis instituições que qualificam profissionais para os CFCs – uma em Londrina, duas em Cascavel e três em Curitiba. “Nós das instituições de ensino a novos instrutores queremos entrar com uma medida judicial que suspenda a exigência da carteira D no Paraná. Estamos nos mobilizando também para que a lei seja modificada pelo seu autor, pois esse item está prejudicando muitas pessoas”, disse Wilma Calegari de Souza, diretora da escola Capitran, de Londrina.

Na semana passada, a regulamentação foi discutida em reunião com representantes das CFCs, instituições de ensino a novos instrutores e despachantes de Londrina e região, que expuseram ao diretor do Detran do Paraná, Antonio Davi Pancotti, que a exigência da carteira D é exagerada. Os representantes das instituições de ensino ficaram de elaborar um pedido formal para que o Detran estadual discuta a possibilidade de rever a obrigatoriedade da carteira D a instrutores junto ao Denatran e Contran, em encontro nacional que será realizado no mês que vem, em São Paulo.

“O Detran é um órgão executivo de trânsito e não tem poder de alterar a resolução federal, mas vamos ouvir os representantes e levaremos o pedido deles para uma discussão com o Denatran e Contran. Toda resolução tem uma câmara temática para discussão e esse assunto específico deverá ter a sua”, explicou Pancotti.

Para os alunos, a pior parte da lei é a que exige um ano de experiência. “Estou fazendo licenciatura na faculdade e estava interessado em dar aulas teóricas, mas com essa exigência da lei, perdi o interesse, pois até eu cumprir o prazo exigido, já terminei a faculdade e estarei fazendo estágios”, contou o operador de máquinas Adriano Assis Ferreira, 22 anos, de Cambé.

Outros alunos já esperam que a exigência amplie os horizontes da categoria. “É um investimento que estou fazendo e espero que os salários também melhorem daqui em diante, pois o instrutor estará mais qualificado”, diz Eduardo dos Santos, 30 anos, de Nova Fátima.

Peneira’ é muito fina

Para a diretora de ensino da autoescola Paraná, Ângela Maria Fudolli, a obrigatoriedade da carteira D prevista em lei não muda muita coisa para quem já está no mercado. “O instrutor precisa estar preparado, cada vez mais e não pode querer apenas ensinar a parte prática, pois logo não haverá espaço para ele no mercado. A arte de ensinar é de muita responsabilidade e a ‘peneira’ é muito fina na hora de selecionar os instrutores”.

O proprietário da autoescola Central, Sydney Martins, acredita que a lei pode apenas aumentar o custo para as empresas, por terem de aumentar o salário de instrutores mais especializados, mas isso será a longo prazo. “O mercado tem bons instrutores e estes mesmos devem migrar para a categoria D. E a maioria absoluta precisa saber o lado prático, não se pode pensar apenas em dar aulas teóricas”.

28 out 2010 - Jornal de LondrinaVoltar