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Testemunha confirma acusação
Marcelo Portela
Sidney Lopes/EM/D.A PRESS/11/3/08
Justiça ainda vai decidir se Gustavo Bitencourt vai a júri popular

A situação do estudante de administração Gustavo Bittencourt, de 22 anos, se agravou ontem. Duas testemunhas ouvidas pela Justiça confirmaram que o rapaz dirigia na contramão quando bateu seu carro no do empresário Fernando Félix Paganelli de Castro, de 48, que morreu na hora. Para o Ministério Público, os depoimentos reforçam a acusação contra o estudante, que pode ser levado a júri popular por homicídio com dolo eventual, ou seja, aquele em que a pessoa não tem a intenção de matar, mas com sua conduta assume o risco de cometer o crime.

O acidente foi em 1º fevereiro, na Avenida Raja Gabáglia, perto do trevo do BH Shopping, na Região Centro-Sul de BH. A vítima seguia para sua loja na Ceasa em um Citroën Xsara quando foi atingida pelo Honda CRV placa HBC 1985, dirigido por Bittencourt. Depois do acidente, o estudante fugiu do local, mas uma denúncia levou a polícia a prendê-lo em flagrante quando recebia atendimento médico num hospital. O rapaz foi liberado no mesmo dia, teve a prisão preventiva decretada pela Justiça, mas foi solto novamente por determinação do Superior Tribunal de Justiça (STJ).

Durante a audiência de ontem, Tatiane Brauer Satler e Leonardo Stroke Bubani, que passavam pela Raja Gabáglia no momento do acidente, foram ouvidos pelo juiz Carlos Salvador Carvalho Mesquita, substituto como sumariante do II Tribunal do Júri do Fórum Lafayette. “O mais importante, para o Ministério Público, era confirmar a posição do veículo do réu na hora do acidente. E as testemunhas disseram que presenciaram a batida e que Bittencourt estava na contramão”, afirmou o promotor Francisco de Assis Santiago.

Além do casal, a Justiça ouviu outras quatro testemunhas arroladas pelo MP, inclusive funcionários do motel onde o acusado esteve antes do acidente. Uma delas é o policial civil Harley César Camargo Raposo, responsável pela prisão do estudante no dia do acidente. Ele confirmou que o rapaz fugiu do local e só foi encontrado graças a uma denúncia anônima, quando recebia atendimento. Segundo o policial, Bittencourt se negou a fazer exame de sangue no Instituto Médico-Legal para confirmar se havia ingerido bebida alcoólica, mas um exame clínico confirmou o estado de embriaguez. “Ele estava com os olhos avermelhados e não quis falar sobre o acidente”, disse.

A audiência de ontem durou pouco mais de duas horas. O juiz Carlos Mesquita marcou para 10 de julho os depoimentos das testemunhas arroladas pela defesa. Depois da fase de instrução, a Justiça vai definir se ele será levado ou não a júri popular. Caso isso ocorra, o jovem pode ser condenado a até 20 anos de prisão. Os advogados de Bittencourt não quiseram se manifestar sobre o caso.
15 mai 2008 - Estado de MinasVoltar