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Motoristas. Empresas de ônibus da capital comemoram: elas provocam menos acidentes e multas que eles.

Baixa procura do sexo feminino por vagas é único impedimento para mais contratações
Publicado no Jornal OTEMPO em 18/06/2012
JOELMIR TAVARES

Com prudência no trânsito, cumprimento fiel de horários e carinho com os passageiros, as motoristas abrem caminho nas empresas de ônibus de Belo Horizonte. A presença feminina ao volante conquista também os patrões, que comemoram os baixos índices de acidentes e de multas. Embora sejam minoria, as condutoras recebem elogios constantes, deixando muitos homens para trás.
"Na comparação com o sexo masculino, as mulheres causam muito menos dor de cabeça", diz o
encarregado de tráfego Warllem Aquiles Lages. Na empresa onde ele trabalha, que opera 18 linhas, há três representantes da turma do batom entre os 350 motoristas. "Elas são exemplares na conduta profissional", afirma o supervisor.
As companhias que têm mulheres guiando coletivos pelas ruas da capital já comprovaram: as motoristas são mais cuidadosas e pacientes, controlam melhor a velocidade, cumprem como ninguém escalas e horários, andam com o visual bem-cuidado e tratam o passageiro com mais atenção.
"Temos vontade de contratar mais mulheres", afirma o gerente Claudinei Silva, que coordena duas
condutoras em uma equipe de 255 profissionais do volante. Tantas qualidades femininas até deixam os homens com ciúme. Mas o preconceito, segundo as empresas, virou coisa do passado.
"Ouço umas piadinhas de vez em quando, mas o que mais escuto são agradecimentos", diz Cláudia
Dornelas da Rocha, 42. Um passageiro que pegou um ônibus dirigido por Cláudia até telefonou para a empresa para elogiar a educação dela. Wilcelena Maria da Cunha, 42, há quatro meses como condutora de coletivo, conta sorridente, que ainda não enfrentou nenhum imprevisto. "Não estou livre de um acidente, mas faço o possível para não acontecer", afirma ela, que já foi chamada de "boa de roda" por um usuário.
Com 18 anos de experiência, Marília Alves dos Santos, 39, fica feliz por ver que as empresas agora
preferem mulheres. "Quando comecei, era uma área mais restrita", lembra.
Escassez. Só não há mais mulheres ao volante porque o número de interessadas nas vagas ainda é baixo.
Empresas do setor estão abertas a contratações. Mas, como a oferta é pouca, as profissionais que
aparecem são levadas rapidamente pela concorrência.
As cobradoras são incentivadas a tirarem a carteira de habilitação na categoria D e se candidatarem ao posto. O salário básico de motorista gira em torno de R$ 1.400, o dobro do valor pago aos agentes de bordo.
Em alta número de sindicalizadas quase dobra em três anos
Embora seja tímido, o crescimento no número de mulheres motoristas de ônibus é confirmado por empresas do setor e pelos dados do Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários de Belo Horizonte (STTR-BH).
A quantidade de condutoras filiadas à entidade praticamente dobrou nos últimos três anos: saltou de 58, em 2009, para 108 neste ano. "As mulheres se dão bem porque é uma função que exige paciência. O profissional é muito cobrado", afirma o diretor de comunicação do sindicato, Carlos Henrique Marques.
Em autoescolas, há uma década era raridade ver mulheres em busca da habilitação para dirigir veículos grandes. Agora, segundo cálculos de uma das maiores escolas da capital, elas são 20% nas turmas.
Pioneira. Considerada a primeira motorista de ônibus de Minas, Áurea Dias da Silva, 73, começou a dirigir coletivos na capital em 1982 e só parou há cinco anos. Mesmo reconhecendo as qualidades femininas, ela discorda de que há superioridade sobre os homens. "Mulheres têm menos acidentes e multas porque são minoria. A probabilidade é menor. Há vários homens cuidadosos, ótimos motoristas". (JT)

27 jun 2012 - JORNAL O TEMPO EM 18/06/2012 POR JOELMIR TAVAVoltar