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Novas regras para exame de direção tentam melhorar aprovação

A partir de 2 de agosto, manobra da baliza deixa de ser prioritária em Minas e será decidida pela banca examinadora

Renata Galdino - Repórter - 28/07/2010 - 11:48

Os candidatos à primeira carteira de motorista em Minas Gerais não serão obrigados a fazer primeiro a manobra de baliza no exame de direção. A partir do dia 2 de agosto, será o secretário da banca examinadora quem vai decidir se o candidato, no teste de rua, será submetido primeiro à baliza ou à direção. De acordo com o chefe de Habilitação do Departamento Estadual de Trânsito (Detran-MG), delegado Anderson França, a medida é uma tentativa de aumentar o índice de aprovação. A cada cem pessoas que chegam ao exame de rua, 80% são aprovadas na baliza. Porém, submetidas à direção, 20% delas são reprovadas.

Dados do Detran mostram que em 2009, em Minas Gerais, 473.659 candidatos foram aprovados no exame de direção, contra 663.225 reprovações. Foi no ano passado que a baliza passou a ser a primeira etapa obrigatória do teste, conforme resolução do Conselho Nacional de Trânsito (Contran). Somente o candidato aprovado na baliza, realizada em área demarcada por cones e determinada por examinadores, é encaminhado para o restante do exame.

Se antes disso a reprovação na baliza era de 70%, o índice de aprovação passou a ser de 80%. Porém, a questão da direção passou a preocupar o Detran. “Percebemos que os alunos estão treinando mais a baliza do que o restante pedido no exame. E fica nisso somente, não dão ênfase para o restante”, enfatiza Anderson França. Ele diz ainda que, com a nova determinação, nem a baliza nem a direção deixam de ser eliminatórias e obrigatórias.

Biometria nas aulas de rua gera dúvidas

A mudança chega ao mesmo tempo em que o Detran anuncia a implementação do sistema biométrico nas aulas de direção. Desde a última segunda-feira, em caráter experimental, alunos da prática de direção veicular, diretores de ensino e instrutores de três centros de formação de condutores na capital estão deixando a digital antes e depois das aulas. “É bom porque os alunos não vão protelar aula, falando que fizeram, mas não fizeram. É indício de que realmente estarão aprendendo a dirigir”, avalia Waldemir Pereira, diretor de ensino da Milenium, uma das unidades participantes do teste.

Atualmente, somente os alunos do curso de legislação são obrigados a comprovar a presença em sala de aula por meio da digital. “Ao final de 15 dias, vamos avaliar o que significou o sistema para as aulas de rua. A intenção é coibir as fraudes. Hoje, mesmo sabendo que a carga horária não está sendo cumprida, temos que confiar no que está marcado no livro da autoescola”, afirma Anderson França. Com o sistema biométrico, o Detran espera fiscalizar o cumprimento da lei que obriga o aluno a ter 20% das aulas de rua no período da noite, em vigor desde maio.

Caso não seja necessária nenhuma adaptação, a expectativa é de que as 324 autoescolas de Belo Horizonte já adotem a biometria no final de agosto também para as aulas de direção. Já as do interior deverão aderir ao sistema em setembro.

A medida, no entanto, gera dúvidas. Para o instrutor Ricardo Melo Lopes, a obrigatoriedade poderá atrasar as aulas. “Se um aluno chegar 20 minutos atrasado, vai atrapalhar o próximo, pois não se pode terminar a aula antes de completar os 50 minutos”, afirma.

Na terça-feira (27) pela manhã, a estudante Mariana Coelho Loyola, 23 anos, que tenta a primeira habilitação, aguardou cerca de dez minutos para incluir sua digital no sistema do Detran e começar a 11ª aula de direção. Ainda sem opinião formada sobre as consequências da nova determinação, a jovem defende uma flexibilidade por parte do órgão de trânsito. “Um atraso sempre vai acontecer, como aconteceu hoje (ontem) comigo. Não tem jeito”, observa.

O chefe do setor de Habilitação do Detran afirma que estes pormenores serão avaliados. “Ainda não sabemos se os minutos que faltaram para completar os 50 minutos num dia poderão ser compensados depois”, diz. Sobre a possibilidade do aparelho estar equipado no próprio carro da autoescola, para que o instrutor possa buscar ou deixar o aluno em local diferente do centro de formação de condutores, o delegado adiantou que a alternativa ainda não está autorizada para a categoria B (carros menores).

“Haverá custo para isso, cerca de R$ 1 por aula, que provavelmente será repassado para o aluno. Ainda estamos fazendo orçamentos”, afirma. Já para quem tenta a carteira para ônibus e caminhão, a alternativa poderá ser implementada até o final do ano. Isso porque são veículos maiores, o que inviabiliza a parada deles na porta dos estabelecimentos para o aluno marcar a presença.
Ainda de acordo com o Detran, no ano passado, foram expedidas 388.276 novas habilitações, 10% a mais que no ano anterior, em todo o Estado.
28 jul 2010 - Hoje em DiaVoltar