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Casos registrados pela Polícia Militar no trânsito diminuíram 29,98% nas cidades da Grande BH, ante igual período de 2007. Na capital, colisões reduziram 29%
Pedro Rocha Franco
Marcos Michelin/EM/D.A Press - 6/7/08
Blitzes nas rodovias mineiras ajudaram a inibir excessos de bebidas alcoólicas no sangue dos motoristas

Apesar de as estatísticas do Instituto Médico Legal (IML) mostrarem a falta de respeito dos condutores em relação às novas normas do Código de Trânsito Brasileiro, o número de acidentes anotados pela Polícia Militar em Belo Horizonte e na Grande BH despencou. Os casos envolvendo vítimas de trânsito nos 34 municípios da região metropolitana caíram de 897 para 628, se comparados os períodos de 20 de junho a 20 de julho de 2007 com este ano. A redução é de 29,98%. Na capital, a queda foi de 29,83%, passando de 771 para 541 colisões.

A melhoria na quantidade de casos indicados pela PM, no entanto, não condiz com o banco de dados do Corpo de Bombeiros e o número de atendimentos do Hospital de Pronto-Socorro João XXIII. O maior envolvido na prestação de socorros em acidentes com vítimas na capital, ao lado do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), anotou diminuição pouco significativa desde o início da vigência da Lei Seca. De 15 de junho a 15 de julho de 2007, os bombeiros atenderam 720 ocorrências na Grande BH, enquanto no mesmo período deste ano os acidentes caíram para 668 – diminuição de apenas 7,22%. Segundo o comandante operacional dos bombeiros, Cláudio Vinícius Teixeira, a PM não participa de todos os atendimentos, o que pode ser o motivo da diferença nas estatísticas.

No principal centro de atendimento médico de urgência e emergência do estado, para onde é encaminhada a maioria das vítimas de trânsito da capital, os números do ano passado, praticamente, foram mantidos, com redução de 4,16%. Durante os primeiros 30 dias de vigência da nova lei, o HPS atendeu 1.082 pessoas em casos relacionados ao trânsito, enquanto, no mesmo período do ano passado, foram 1.129 – apenas 47 ocorrências a mais. Para a direção do hospital, é cedo para se calcular qualquer aumento ou diminuição. “Os casos devem cair com a conscientização dos motoristas. Mas, por enquanto, a queda pode estar relacionada ao período de férias escolares e ao clima mais frio”, afirma o coordenador do serviço de toxicologia do HPS.

CONDUTORES O professor universitário José Maria Morais, de 53 anos, faz parte das estatísticas de vítimas. No dia 13, enquanto se deslocava de moto para o clube onde iria jogar futebol com amigos, foi atingido por um Gol desgovernado vindo em direção contrária. O carro havia sido atingido por um Polo, que era guiado por um médico, e rodou na pista, atravessando o canteiro central e atingindo o motociclista. O médico voltava de uma festa em Ouro Preto e teste do bafômetro constatou a presença de 5,6 decigramas de álcool em seu organismo. Como o limite estava abaixo do definido em lei como crime (veja quadro), os militares não fizeram a prisão em flagrante.

Além disso, o médico se recusou a prestar os primeiros-socorros ao professor, segundo o cabo Eudes dos Santos, condutor do Gol, o que revoltou ainda mais os familiares da vítima. “O militar nos liga todos os dias pedindo notícias, enquanto o médico, em nenhum momento se importou com as condições do José Maria”, afirma Ricardo Augusto, irmão do professor.

Em vez do clube, o professor foi encaminhado para o centro de tratamento intensivo, com lesões diversas nas pernas, braços, cotovelos, punhos e a clavícula deslocada. Ele ficou internado no CTI até ontem e teve de passar por três cirurgias.
23 jul 2008 - Estado de MinasVoltar