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OPERAÇÃO VERÃO
Risco máximo nas estradas

Levantamento da polícia rodoviária, de 15 de dezembro até domingo, mostra que, apesar da quantidade de acidentes nas BRs em Minas Gerais, casos de mortes se mantiveram na média


Junia Oliveira
Beto Novaes/EM - 18/2/07

Acidente na BR-381 com ônibus que seguia de Fortaleza (CE) para Osasco (SP): rodovia está entre as que têm maior número de vítimas

O número de acidentes nas estradas federais que cortam Minas Gerais cresceu quase 17%, entre o fim de 2006 e os primeiros meses de 2007, em relação ao mesmo período do ano passado. Os números da Operação Verão, feita entre 15 de dezembro e domingo, foram divulgados, ontem, pela Polícia Rodoviária Federal (PRF). Os dados são alarmantes: 4.698 acidentes, 3.597 feridos e 239 mortos. A operação anterior registrou 4.006, 2.725 e 239, respectivamente. No Brasil, mais de 1,4 mil pessoas morreram em 27 mil acidentes, e quase 17 mil ficaram feridas.

Segundo o inspetor Aristides Júnior, o aumento da gravidade dos acidentes, o crescimento da frota e a crise nos aeroportos explicam os resultados. “Com a pista em bom estado, a tendência dos motoristas é acelerar. Tivemos também muita chuva neste período. O motorista diminuiu a velocidade, suficiente para não morrer, mas não para evitar acidentes. E mais pessoas estiveram envolvidas, pois os carros estavam mais cheios”, afirma.

Para a PRF, os acidentes e feridos cresceram devido ao aumento da frota. Levantamento da polícia mostra que, em 10 anos, houve aumento de 70%. “Minas tem a maior malha viária do país e é um estado de transição, com relevo acidentado, o que contribui para números elevados. Constatamos que muitas pessoas que acidentam estão de passagem. A surpresa ficou com o número de mortos, uma boa coincidência”, diz Júnior.

RECORDISTA A PRF ainda não fez os levantamentos, mas acredita que a BR-381, que liga o estado a São Paulo e ao Espírito Santo, tenha sido, mais uma vez, a campeã de acidentes. As estatísticas mostram que, geralmente, ela é responsável por cerca 35% dos desastres nas rodovias. A Operação Verão englobou feriados tradicionais, como Natal, réveillon e carnaval, além das férias escolares. Em Minas, o recorde de tragédias foi no carnaval, quando 24 pessoas morreram em 343 acidentes na malha federal. No feriado do ano-novo, houve duas mortes a menos.

O empresário André Luiz de Almeida, de 52 anos, viaja de 3 mil a 4 mil quilômetros por semana pelas estradas de Minas, Goiás e Espírito Santo, para atender os clientes de sua oficina de mecânica de máquinas. “Dá medo na gente. Praticamente, todos os acidentes ocorrem por imprudência do motorista . A condição das estradas influi, mas a obrigação do condutor é reduzir a velocidade e ter mais cautela”, ressalta.

O levantamento nacional da PRF aponta os fatores que mais contribuem para a ocorrência de acidentes: falta de atenção (31,11%), excesso de velocidade (8,55%), não manter distância segura (7,27%), desobediência à sinalização (4,1%), falha mecânica (3,3%), ultrapassagem indevida (3,19%), defeito na via (2,70%) e sono (1,78%).

EFETIVO Para vencer a guerra no trânsito, educação e responsabilidade são fundamentais. Nos 80 dias de operação pelo país, as pessoas que morreram em estradas federais lotariam mais de nove aviões, semelhantes ao jato da Gol que caiu no fim de setembro de 2006. As campanhas educativas e a fiscalização poderiam ser mais intensificadas, se houvesse também efetivo suficiente.

Atualmente, o efetivo da Polícia Rodoviária Federal é de aproximadamente 9,7 mil servidores, distribuídos em mais de 60 mil quilômetros de malha viária federal. Cerca de 8% estão designados para atividades administrativas, como gestão da unidade, cargos de chefia e atendimento ao público. Estudos da área técnica da PRF mostram que seria preciso duplicar o número de agentes, para atingir níveis de policiamento parecidos com a Europa e América do Norte. “A carência é nacional. E, em Minas, a situação tem outro agravante: o estado ter a maior malha do país”, afirma Aristides Júnior.

07 mar 2007 - Estado de Minas - 06/03/07Voltar