NOTÍCIAS » SEMANA NACIONAL DE TRÂNSITO VAI FOCAR EM MUDANÇA DE COMPORTAMENTO DO MOTORISTA

A Semana Nacional de Trânsito, promovida pelo Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) de 18 a 25 de setembro, vai focar na mudança de comportamento individual dos motoristas para conscientizar a sociedade sobre as estatísticas alarmantes de mortos e feridos em vias brasileiras. O tema definido para este ano é “Década Mundial de Ações para a Segurança – 2011/2020: Seja você a mudança no trânsito”.

As ações definidas pelo Conselho Nacional de Trânsito (Contran) buscam divulgar o tratado do Brasil com a Organização das Nações Unidas (ONU) dereduzir pela metade os acidentes de trânsito com morte até 2020. “É importante alertar que alterar esse quadro depende de mudar de atitude de todos os atores no trânsito: pedestres, ciclistas, passageiros e motoristas. O ator do trânsito deve ser tratado como alguém que tem o poder de decidir o seu destino e que é responsável pelas próprias ações e vai sofrer as consequências de suas escolhas”, disse o diretor do Denatran, Alberto Angerami.

A missão do Denatran é cumprir a legislação de trânsito e executar normas estabelecidas pelo Contran, mas também levar à sociedade, segundo Angerami, uma nova visão de trânsito. “Um dos objetivos é mostrar que trânsito é uma questão de cidadania e que faz parte do dia a dia de todas as pessoas, por isso, convoca a sociedade para refletir sobre a importância de um comportamento mais responsável e por mudanças de atitude no trânsito”, reforça o diretor.

Desafios
Atingir a meta estipulada pela ONU de diminuir a violência no trânsito é um desafio que demanda muito esforço dos órgãos públicos, segundo o diretor de Comunicação da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet), Dr. Dirceu Rodrigues Alves Júnior, que acredita faltar um trabalho nas escolas, de ensinamento sobre o código de trânsito.

“Além disso, os cursos de formação de condutores precisam de uma modificação consistente em termos de aprendizado real e não o que motoristas e motociclistas aprendem hoje. Acho que falta muita coisa para atingirmos a meta da ONU de reduzir pela metade os óbitos e a quantidade de sequelados por causa do trânsito”, diz Rodrigues.

O método adotado nas autoescolas também é considerado ineficaz pelo especialista. “Precisamos de muita coisa diferenciada para vencer esse desafio. Não podemos imaginar que o candidato a motorista faça uma prova com um percurso a 30 km/h nas vias públicas, uma baliza e ser considerado pronto para dirigir todos os dias. Ele não conhece, desta forma, as adversidades que vai encontrar na cidade, nas estradas, à noite, na neblina, enfim, condições que ele não vivenciou no treinamento”, diz.” É necessário que se vá para uma pista específica onde o candidato vai treinar a frenagem, transitar em situações de riscos que o deixem preparado para se defender em uma condição real. Os simuladores seriam importantes nesta questão. Além disso, também é preciso colocar a cidadania como condição primordial para a concessão da CNH”, completa Rodrigues.

Acidentes e prejuízos
Mais de R$ 16 bilhões é a cifra gasta por ano no Brasil com acidentes de trânsito. E a maior parte, R$ 10,7 bi, são para custo das mortes, sendo os R$ 5,4 bi restantes para os feridos. O valor bruto corresponde ao PIB de apenas 35 dos cinco mil municípios paulistas, conforme a Confederação Nacional de Transportes (CNT).

Levantamento do Retrato da Segurança Viária 2014, do Observatório Nacional de Segurança Viária (ONSV), com informações do Datasus, vinculado ao Ministério da Saúde, do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada) e da ANTP (Associação Nacional dos Transportadores de Passageiros), mostra que 45 mil pessoas morrem por ano no trânsito e outras 177 mil ficam feridas. Em termos de segurança no trânsito, o Brasil fica na 148ª posição, atrás da Índia, onde o trânsito é caótico.

No Brasil, as mortes por acidentes de trânsito são de 22,5 por 100 mil habitantes. O país é o segundo no ranking do Mercosul segundo relatório da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) divulgado neste ano. O primeiro é a Venezuela, que tem uma taxa de mortalidade de 37,2. Em terceiro vem o Uruguai, com 21,5, seguindo do Paraguai, com 21,4 mortes.

Comparado a 2009, o Brasil, que ocupava naquele ano a quarta posição do ranking, teve um salto de 18,3 óbitos para 22,5 mortes. Venezuela também apresentou crescimento expressivo, sua taxa quase dobrou no período, passando de 21,8 óbitos por 100 mil habitantes, em 2009, para 37,2 em 2015.

Na proporção, as Américas têm mais mortes entre ocupantes de automóveis, com 42%, seguido dos pedestres (23%) e motociclistas (15%). Usuários mais vulneráveis de vias públicas – pedestres, ciclistas e usuários de veículos de duas ou três rodas, figuram, juntos, 41% das vítimas fatais.

17 DE JULHO DE 2015 POR RADAR

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