NOTÍCIAS » SISTEMA BIOMÉTRICO CHEGA EM FEVEREIRO ÁS AULAS PRÁTICAS PRA CARTEIRA DE MOTO

A cada dia, mais motos são emplacadas no Brasil e mais motociclistas se acidentam. Eles trafegam entre oscarros e, além de correr e representar riscos no trânsito,incham os gastos públicos a cada vez que sãoatendidos nos hospitais do Sistema Único de Saúde (SUS). Para evitar o que o ministro da Saúde,Alexandre Padilha, já chamou de “epidemia” no país, um cerco aos futuros condutores está sendo formado.
No estado, o Departamento Estadual de Trânsito (DETRAN-MG) começa a implantar em fevereiro o sistemabiométrico para certificar que os candidatos à carteira A estão frequentando as aulas e evitar fraudes. ODepartamento Nacional de Trânsito (Denatran), antes mesmo de implantar o simulador de direção veicular(SDV) para automóveis, já faz estudos para que ele seja obrigatório para motos, em 2014. Levantamentopublicado em junho pelo Ministério da Saúde mostra que o governo gastou R$ 96 milhões em 2011 com
internações dos motociclistas, mais que o dobro de 2008, quando foram dispensados R$ 45 milhões.
Em Minas, segundo o delegado Anderson França, chefe da Divisão de Habilitação do DETRAN, um projetopilotodo sistema biométrico para aula prática de moto, em que o candidato é obrigado a registrar a digital naentrada e saída de cada aula, será implantado em todos os centros de formação de condutores emfevereiro. Até julho, a ideia é expandir para todo o estado. Como as aulas de direção dos motociclistas sãofeitas geralmente em pistas alugadas pelas autoescolas, o DETRAN precisou desenvolver um sistema móvel,diferente do aplicado nas aulas práticas de carro, em que o registro é feito no próprio centro de formação. Aunidade, controlada por GPRS, faz a coleta e envia os dados para o órgão. A medida, em funcionamentodesde 2010 para carteira B e aulas de legislação para todas as categorias, serve para evitar fraudes naretirada de carteiras de motoristas e aumentar a segurança no processo de habilitação, de acordo comFrança.
O presidente do Sindicato dos Proprietários de Centros de Formação de Condutores de Minas Gerais,Rodrigo Fabiano da Silva, a medida é importante para obrigar o candidato a fazer a carga horária mínima.
“Hoje não há controle. A exigência fez diferença nos cursos teóricos, nas aulas práticas para carteira B eprepara melhor o condutor”, afirma. Ele cobra ainda o sistema chegue aos processos para habilitações D eE. O levantamento feito pelo Ministério da Saúde ainda mostra que em Minas o gasto com as internaçõestambém cresceu: passou de R$ 6,8 milhões em 2008 para R$ 14,3 milhões no ano passado. As internaçõessaltaram de 4.466 para 8.169 no mesmo período.
O auxiliar de eletricista Fernando Henrique de Oliveira, de 20 anos, encara o trânsito de Belo Horizonte emcima de uma moto há três anos e faz parte das estatísticas do ministério. Ele conta que já caiu, foi“atropelado” por um veículo e correu muitos perigos que nem imaginava quando fazia as aulas práticas em
um circuito fechado, como prevê a legislação atual. “Na pista, as aulas são muito simples e só dão noção deequilíbrio e algumas regras de situação. Mas trafegamos apenas em primeira marcha e não dividimosespaço com outros veículos, o que é mais complicado”, diz.
Simulador
Como as aulas de direção dos motociclistas são feitas em pista fechada, o Denatran estuda implantar até2014 o Simulador de Direção Veicular para os candidatos na intenção de que eles se deparem, pelo menospor videogame, com as situações e problemas do trânsito. Para carteira B, as autoescolas do país estãoobrigadas a comprar e instalar os aparelhos até o fim de junho. “O processo do simulador para a carteira Ajá está sendo desenvolvido pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), mas não é rápido, masprovavelmente em 2014 já será obrigatório. Posteriormente será o de caminhão”, afirma a coordenadorageral de Qualificação do Fator Humano no Trânsito do Denatran, Maria Cristina Hoffmann.
Segundo Maria Cristina, a maior parte dos acidentes no Brasil está associado à imprudência ao volante,imperícia do condutor e falta de competência para a direção. O simulador vai aumentar a carga horária doscursos e, na carteira B, está definido que ele será obrigatório por cinco aulas de 30 minutos após o estudode legislação e antes da prova, ou seja, antecedendo as aulas práticas. Ele oferece situações comocongestionamentos, noite, estradas, curvas, entre outras.
Portaria esbarra em custos extras
O simulador de direção veicular (SDV) para quem tenta a carteira B deve ser implantado nas autoescolasde todo o país até 30 de junho de 2013, como determina portaria do Denatran, de outubro. O problema éque os aparelhos custam em torno de R$ 35 mil, e as empresas fornecedoras ainda estão em processo dehomologação. Em Minas, o presidente do Sindicato dos Proprietários de Centros de Formação deCondutores, Rodrigo Fabiano da Silva, e o delegado do DETRAN Anderson França alertam os donos deautoescolas a não comprar ainda o equipamento. Os órgãos estão tentando medidas para diminuir oscustos, compartilhando ou arrendando os aparelhos.
Segundo Rodrigo, são dois fabricantes no país para fornecer a todas as autoescolas. Ele espera que oDETRAN ainda publique uma portaria definindo quais medidas os centros de formação mineiros deverãoseguir. Anderson França adiantou que o documento deverá ser divulgado em janeiro. ODenatran exige queo simulador seja colocado em uma sala fechada, com sistema de áudio que não atrapalhe outras aulas queestejam ocorrendo na autoescola e que o período de uso seja gravado, para fiscalização do Detran. O alunodeverá usar o sistema biométrico para usar o simulador.
“Acreditamos que o prazo será prorrogado, mas não podemos contar com isso. Por enquanto, estamospedindo aos nossos associados para não adquirir equipamento algum antes que haja a homologação”,afirma Rodrigo Fabiano. O incremento, segundo ele, ainda vai gerar um aumento nas taxas para quem vai
tirar carteira por causa do investimento dos CFCs. “Mesmo assim, somos favoráveis a tudo que vem paramelhorar a formação do futuro condutor. Em três anos vamos ver se valeu a pena, é tempo suficiente paraavaliar quem entrou no trânsito sendo antes submetido ao simulador”, diz.
Números
7.007pessoas foram atendidas no HPS João XXIII em 2011 por acidentes com motos
6.607motociclistas foram internadas no João XXIII até novembro deste ano
187.057motocicletas estavam emplacadas em Minas Gerais até setembro deste ano, segundo o Denatran
28
motos, em média, entraram no trânsito do estado todos os dias de janeiro a setembro
18 dez 2012 - Patrícia GiudiceVoltar