NOTÍCIAS » VELOCIDADE E ÁLCOOL SÃO PRINCIPAIS CAUSAS DE ACIDENTES COM PEDESTRES

Motoristas que abusaram da velocidade ou do consumo de álcool aparecem nas estatísticas como principais responsáveis por atropelamentos de pedestres nas vias públicas. Aliados a estes fatores estão a falta de infraestrutura e de condições de visibilidade.

Na avaliação da especialista da empresa Perksons, Idaura Lobo Dias, o pedestre precisa estar mais atento para evitar acidentes. “O pedestre não possui os acessórios e equipamentos de proteção de quem está no veículo. Os sentidos precisam estar sempre aguçados, em especial a visão e a audição, para minimizar os riscos. Ver e ser visto no trânsito é uma premissa para manter-se seguro”, detalha.

Idaura afirma que a responsabilidade pela segurança no trânsito deve partir de todos que utilizam as vias públicas. Somado a isso, o poder público e empresas que administram o tráfego devem ter o compromisso de atuar na qualidade do sistema viário. “A vulnerabilidade de quem anda a pé é mais acentuada em ambientes onde as leis de trânsito não são suficientemente fiscalizadas ou onde as necessidades dos pedestres são negligenciadas no projeto viário”, afirma.

A legislação apresentou avanços nos últimos anos na avaliação do presidente da Associação Brasileira de Pedestres (Abraspe), Eduardo Daros, especialmente na prioridade ao pedestre que atravessa a faixa de segurança, item reforçado no artigo 70 do Código de Trânsito Brasileiro (CTB). “Conceitualmente, o pedestre hoje faz parte do trânsito e não é mais um ser estranho que somente teria segurança rodando em torno do quarteirão. Todos somos pedestres e a liberdade de andar a pé é um direito natural que não pode ser cerceado”, destaca Daros.

Distração e infraestrutura
Pesquisa publicada na revista Injury Prevention, do grupo British Medical Journals mostra que caminhar com fones de ouvido ou teclando no celular aumenta três vezes os riscos de o pedestre sofrer um acidente. A tese é reforçada por levantamento da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia que revela o uso de telefone celular por 66% dos pedestres atropelados.

Para evitar que mais pessoas se machuquem, na China, berço da tecnologia, usuários de celulares têm uma via exclusiva. As calçadas têm uma faixa somente para pedestres que costumam andar distraídos com os celulares.

No Brasil, tramita no Senado o PLC 14/2014, que responsabiliza a iluminação nas ruas precária como fator de redução da visibilidade de motoristas pelo registro de maior número de atropelamentos no trânsito. Pela matéria, caberá ao Conselho Nacional de Trânsito (Contran) fixar condições de iluminação de faixas de travessia para garantir que os pedestres sejam vistos por condutores a uma distância segura. A justificativa traz estatísticas do trânsito brasiliense. Das mortes registradas em vias públicas, 45% foram no período noturno e a grande maioria das vítimas eram pedestres e ciclistas.

Daros acredita que, além de oferecer infraestrutura, é necessário também provocar mudanças no comportamento e nas atitudes de motoristas e pedestres. “Cabe à educação reduzir a distância entre o que se pensa ser correto e o que se faz incorretamente, mesmo tendo consciência disso, por métodos que vão além do decorar regras, ou seja, incorporando-as às atitudes e comportamentos do dia a dia no trânsito”, acrescenta.

Os pedestres estão somente atrás dos motociclistas entre os mais vulneráveis do trânsito. Em 2014, 31% das indenizações pagas por morte pelo Seguro DPVAT foram para pedestres, sendo mais de 16,2 mil pessoas. Outras 115.750 foram indenizadas por invalidez permanente, o que corresponde a 20% dos prêmios pagos no período.


9 DE ABRIL DE 2015 POR RADAR.NACIONAL

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