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Vilão no trânsito, atropelamento foi o maior causador de mortes em 2006

Cláudia Rezende
Repórter

Não são as batidas, capotamentos ou colisões os maiores causadores de mortes no trânsito brasileiro. Nem mesmo os acidentes que envolvem motociclistas _ grupo que cresce em proporções aceleradas nas vias e estatísticas _ assumem o topo dos casos. O grande vilão do trânsito, causador do maior número de óbitos, são os atropelamentos. Em 2006, eles foram responsáveis por 27,9% das 35.155 mortes por acidentes de transporte terrestre (ATT), conforme dados divulgados ontem na Pesquisa Saúde Brasil 2007, do Ministério da Saúde. As principais vítimas são crianças e idosos.
O segundo lugar do ranking de mortes por ATT envolve ocupantes de automóveis (21%), e, o terceiro, motociclistas (19,8%). Apesar de ainda estar na terceira posição, estes são tão preocupantes quanto os provocados por atropelamentos. Isso porque, conforme a pesquisa, a mortalidade nesse grupo passou de 300 casos, em 1980, para sete mil, em 2006. Em todas as regiões, é crescente o risco de morte por acidentes com motos, principalmente entre pessoas entre 15 e 39 anos.
A pesquisa traz outras informações alarmantes. Por exemplo, que os ATT já representam a segunda causa externa de morte no país _ perdem apenas para os homicídios. As principais vítimas são homens (82%), entre 20 e 59 anos. E não é só isso. Além de ser trágico e doloroso para a população e para as vítimas, os ATT são responsáveis por gastos vultosos no Brasil. Em 2006, somente com internações, foram despendidos quase R$ 118 milhões, em 123.100 casos _ 76,7% eram homens e 23,3%, mulheres. Em relação aos atendimentos nos setores de urgência e emergências, acidentes em geral representam 90% dos casos, sendo que os de trânsito são o segundo mais freqüentes.
Em Belo Horizonte, segundo a BHTrans, foram registradas 210 mortes no trânsito em 2006, sendo que 90 delas por atropelamentos. O gerente de Educação para o Trânsito da empresa, Eduardo Lucas, confirmou que os atropelamentos são os eventos que apresentam maior fatalidade entre os casos. Mas, segundo ele, as motos são as principais causadoras de acidente. «Hoje, os pedestres têm sido mais atropelados por motos que por carros, porque eles atravessam entre os veículos e acabam sendo atingidos pelas motos».
Há uma semana, o motorista Antônio Carvalho, 63 anos, foi atropelado na Via Expressa, quando voltava para casa, no Bairro Água Branca, na Região Noroeste de Belo Horizonte. Teve as duas pernas fraturadas. Segundo ele, o motorista que o atropelou fugiu do local sem prestar socorro. «Os médicos já me disseram que vou ficar imobilizado por pelo menos um ano. É uma situação complicada, porque não tenho quem cuide de mim, muito menos como pagar uma empregada», disse.
De acordo com Eduardo Lucas, os maiores índices de atropelamentos estão concentrados em avenidas rápidas, como a Cristiano Machado, e na Região Central. Segundo ele, são necessárias duas iniciativas para reduzir os casos de morte no trânsito. A primeira, parte do poder público, com medidas de fiscalização, monitoração e educação. A outra, dos cidadãos, que devem obedecer as normas do trânsito.
A pesquisa do Ministério da Saúde mostrou uma inversão na participação dos município nos ATT. Nos últimos anos, o risco de morte nessas situações vem aumentando em cidades de pequeno porte e diminuindo nas de grande porte. A hipótese apontada no estudo para explicar o fenômeno é a ocorrência do crescimento demográfico em locais que não tinham desenvolvido infra-estrutura viária.

14 nov 2008 - Hoje em diaVoltar